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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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1.7.2 Comercialização da pesquisa<br />

Vários analistas se depararam com a dificuldade de gerir a produção de um bem não-rival<br />

como o conhecimento científico de acordo com uma racionalidade econômica. Apropriar,<br />

monopolizar, vender algo que pode ser reproduzido e transferido por meio da simples<br />

comunicação implica sutilezas legais, malabarismos discursivos e engenhocas materiais<br />

complicadas. Howitt (2000) supõe que a pesquisa não funciona da mesma forma que as<br />

atividades produtivas convencionais: ela produziria “capital intelectual” ao invés de “capital<br />

material”. Ela precisa então, para ser incentivada e apropriada, de mecanismos em parte<br />

diferentes que os do livre mercado. Mesmo assim, a economia “não deve ser abandonada<br />

quando pensamos como organizar a pesquisa científica”. Como a economia, a <strong>tecnociência</strong><br />

contemporânea também está marcada por um processo de globalização e internacionalização,<br />

tanto organizativa quanto epistemológica:<br />

Um crescimento econômico marcado depende de universidades fortes que saibam<br />

promover os objetivos acadêmicos da ciência aberta (open science), mas que também<br />

estejam ativamente engajadas com a indústria privada [...]. Tal envolvimento com<br />

interesses comerciais e industriais cria uma tensão no interior das universidades entre<br />

valores econômicos e científicos [...]. O futuro das universidades dependerá de sua<br />

habilidade para gerir esta tensão sabiamente (Howitt, 2000, trad. e grifos meus).<br />

Esta reformulação das relações entre ciência e mercado, e da “transformação do conhecimento<br />

científico em atividade econômica” (Etzkowitz e Webster, 1995) impele para uma<br />

modificação da estrutura, do perfil e do papel das universidades, o que, especialmente na<br />

América do Norte, já aconteceu de fato. <strong>As</strong> grandes universidades americanas não somente se<br />

tornaram extremamente ativas na busca de financiamentos privados, patrocínios, criação de<br />

start-up e spin-off, elas também assumiram diretamente o papel de influentes atores no palco<br />

econômico.<br />

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