10.06.2013 Views

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

of Lords, 2000: 5.1, trad. minha). Logo, o comitê sugeria investir não tanto em explicar e fazer<br />

apreciar a ciência, quanto em “mudar a imagem” das instituições governamentais. O comitê<br />

recomendava “abertura” e “transparência”, particularmente com respeito a como são tomadas<br />

as decisões na regulação da C&T 298 . Os especialistas ainda afirmavam que public<br />

understanding of science tornava-se um termo antiquado, contraproducente e até prejudicial, e<br />

que era melhor chamar estas atividades de “Ciência e Sociedade”, incluindo não apenas a<br />

educação científica mas a comunicação da incerteza e do risco, bem como o engajamento do<br />

público. Tratava-se de uma “mudança cultural”. “Recomendamos”, dizia o relatório, “que o<br />

diálogo direto com o público não represente mais um apêndice opcional para o policy-making<br />

e para as atividades de organizações de pesquisa [...], mas passe a ser uma parte normal e<br />

integrante do processo” (House of Lords, 2000: par. 5.48., trad. minha).<br />

Em 2001, ainda no Reino Unido, o então Secretário de Estado para o Comércio e a<br />

Indústria proferia um discurso circulado e amplificado na mídia de título: “Ciência em que o<br />

povo pode confiar” (veja Apêndice II). O político, utilizando explicitamente os topoi da<br />

concorrência, do marketing, da ciência empreendedora, do engajamento e da confiança,<br />

afirmava:<br />

Primeiro, devemos investir em excelência científica [...]. Segundo devemos garantir<br />

que o conhecimento e a expertise da nossa base de ciência beneficiem nossa<br />

sociedade e sejam traduzidos em aplicações comerciais [...]. E, terceiro, devemos<br />

garantir que as pessoas possam confiar nesses desenvolvimentos científicos. [...]<br />

Como sociedade não podemos mais, se já alguma vez pudemos, esperar que as<br />

pessoas confiem cegamente no Governo e nos cientistas [...] Os consumidores se<br />

sentirão confiantes somente se os riscos derivados das novas tecnologias forem<br />

questionados e encarados de uma maneira aberta e informada (Byers, 2001, trad. e<br />

grifos meus).<br />

No mesmo ano, a União Européia atualizava suas diretrizes sobre Organismos Geneticamente<br />

Modificados. A Diretiva 2001/18/CE do Parlamento Europeu, de 12 de Março de 2001,<br />

298 “A confiança pública nas políticas científicas foi erodida nos últimos anos. [...] Há uma nova humildade por parte da<br />

ciência com respeito às atitudes públicas, e uma nova assertividade por parte do público. Hoje, o público não espera<br />

meramente saber o que está acontecendo, mas espera ser consultado; a ciência está começando a ver a sabedoria nisso,<br />

e a mover-se fora do laboratório e dentro da comunidade, para engajar-se num diálogo voltado para a compreensão<br />

mútua” (House of Lords, 2000: 5.1; trad. minha).<br />

283

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!