10.06.2013 Views

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

com aparente deleite. Quando este estratagema atrai ao redor um conspícuo público de<br />

curiosos, o cientista extrai de seu paletó uma luneta e começa sua palestra.<br />

Voltaire (1694-1778) também se dedica à divulgação. Em suas Lettres philosophiques,<br />

joga uma contra outra, em diálogo, a física newtoniana com a cartesiana, colocando-se<br />

decididamente ao lado da primeira. Após ler tratados de mecânica, entrevistar filósofos<br />

naturais, Voltaire também publica, em 1738, os Elémens de la Philosophie de Newton, texto<br />

célebre ao qual devemos a difusão da imagem<br />

lendária de Newton abaixo da árvore de maçãs.<br />

Nos Elementos, o filósofo reafirma que seus<br />

contemporâneos são superiores aos Antigos,<br />

porque encontraram o método para conhecer<br />

“o verdadeiro”; e tal método se funda nas<br />

mensurações, na matemática e na verificação de<br />

conjecturas através do experimento.<br />

Na Itália também não faltam intelectuais<br />

contagiados por paixões parecidas. A maior<br />

revista iluminista italiana, Il Caffè, de Pietro<br />

Verri, dedica espaço, junto com literatura, arte,<br />

política, às novas invenções e à discussão dos<br />

debates científicos. Giacinto Gimma – autor da<br />

primeira obra sobre a história da literatura<br />

italiana – publica, em 1730, uma obra de<br />

divulgação da mineralogia. Pouco depois, o<br />

matemático Matteo Barbieri produz um texto de história da ciência. Em 1737, Francesco<br />

Algarotti publica um celebrado Newtonianismo para as damas 188 , enquanto Giuseppe<br />

Compagnoni escreve a Química para as mulheres.<br />

Na Inglaterra, as Conversações sobre a Química, publicadas em 1806 por uma mulher,<br />

Jane Haldimand Marcet, para outras mulheres, tornam-se um sucesso extraordinário. O livro,<br />

que explica a nova química de Lavoisier, Cavendish, Davy por meio de um diálogo entre uma<br />

professora e duas jovens alunas, recebe mais de trinta edições em inglês e francês. Michael<br />

188 Algarotti justifica e explica sua escolha por uma divulgação científica em estilo brilhante e leve com a<br />

argumentação, galante e machista, típica da época, de que as mulheres “amam sentir, mais do que saber”.<br />

199<br />

Figura 28. O “sistema figurativo do conhecimento<br />

humano” da Encyclopédie

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!