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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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existência de diversas vertentes e de enunciados em combate, porque sinaliza que, no âmago<br />

das condições de possibilidade do discurso contemporâneo, se situam como centrais:<br />

a) a questão da regulação e do controle da produção de conhecimento científico e técnico;<br />

b) a potencialidade da ciência e da tecnologia de retroalimentar efeitos sociais e econômicos;<br />

c) a questão da propriedade sobre informação e invenção.<br />

Os debates sobre a novidade da “nova economia”, a suposta valência revolucionária da “era da<br />

informação”, as potencialidades de uma “sociedade do conhecimento” são importantes,<br />

independentemente do valor e da utilidade conceitual de tais termos, porque estão ao centro de<br />

enfrentamentos políticos, da retórica e das policies de governo em muitos países.<br />

O que interessa aqui é esboçar um mapa da <strong>tecnociência</strong> atual, enfocando suas<br />

dinâmicas de produção acelerada de conhecimento, as fontes de financiamento, as mudanças<br />

nas políticas para pesquisa e desenvolvimento, as normas internas e as narrativas sobre a<br />

função da ciência na contemporaneidade. Independente de estarmos, ou não, à beira de um<br />

colapso da modernização (Kurz, 2004) ou de uma transformação fundamental do capitalismo.<br />

A dinâmica fundamental do capitalismo continua funcionando. Territórios e horizontes<br />

(cognitivos, afetivos etc.) abertos pelas práticas sociais, por novos conhecimentos e novas<br />

tecnologias, são rapidamente apropriados pelo capital, que aprofunda sua penetração<br />

molecular em todas as esferas da vida. Mas as condições de contorno em que a dinâmica<br />

capitalista opera passaram por algumas modulações interessantes, em que combinações novas<br />

do campo de força abrem potencialidades diferentes.<br />

Nas últimas décadas, a integração crescente da produção de conhecimento científico ao<br />

sistema de produção de bens e mercadorias, uma megamáquina tecnocientífica, foi re-<br />

ajustando seus algoritmos e começou a seguir trajetórias em parte diferentes daquelas que<br />

predominaram na época, por exemplo, da Segunda Revolução Industrial.<br />

No contexto de uma racionalidade e de um discurso em que o conhecimento é narrado<br />

como sendo matéria prima e elemento central para a concorrência capitalista, aparecem<br />

práticas e enunciações em que a produção e circulação de conhecimento científico e técnico<br />

deve ser gerida e manejada de forma adequada, mais eficiente, mais calculada, mais<br />

diretamente ligada ao lucro, aos “benefícios sociais”, à “segurança nacional”.<br />

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