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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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divulgação ainda são os rótulos mais utilizados pela maioria dos comunicadores públicos da<br />

ciência e tecnologia. Mesmo assim, participação e diálogo já fazem parte da bagagem retórica<br />

de educadores, divulgadores, museólogos. E não faltam as primeiras experiências de e-<br />

democracy e engagement. Em 2004, por exemplo, nasce a rede Renanosoma (Rede de<br />

Pesquisa em Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente), integrada não somente por<br />

pesquisadores da áreas de exatas, mas também das ciência humanas. Em 2007, a rede começa<br />

um projeto de “engajamento público em nanotecnologia” apoiado pelo CNPq com o objetivo<br />

“de informar e discutir nanotecnologia com os diversos públicos não-especialistas, como<br />

estudantes e profissionais do ensino [...], sindicatos, associações, etc”, por meio, entre outras<br />

coisas, de discussões semanais via sistema de chat na internet.<br />

4.9 Algumas auto-representações da comunicação da <strong>tecnociência</strong><br />

Outros pontos de observação interessantes são as auto-narrações que os produtores da<br />

<strong>tecnociência</strong> formulam em momentos específicos e de conflito, por exemplo, quando algum<br />

aspecto da performance identitária foi posto em cheque, ou quando se sentem questionados<br />

sobre seu próprio fazer. No fluxo tecnocientífico, uma pergunta que ressoa centenas de vezes<br />

é: porque hoje é importante comunicar a ciência? <strong>As</strong> motivações que cientistas, políticos,<br />

educadores fornecem para a comunicação pública da ciência são variadas. Analisando manuais<br />

de divulgação, declarações de jornalistas científicos, relatório oficiais de planos de governo<br />

para a difusão da cultura científica, atas de congressos de educação em ciência e editais para<br />

financiamento de atividades de “ciência e sociedade”, encontrei algumas dezenas de<br />

justificativas, que podem ser agrupadas em três categorias interagentes e parcialmente<br />

sobrepostas (Figura 34):<br />

- a <strong>tecnociência</strong> deve ser comunicada em benefício do cidadão (para educar e iluminar, para<br />

melhorar a cultura dos sujeitos e sua tomada de decisão etc.);<br />

- a <strong>tecnociência</strong> deve ser comunicada em benefício da nação (para formar trabalhadores<br />

especializados, para estimular as carreiras tecnocientíficas, para garantir competitividade e<br />

excelência, para a democracia funcionar melhor etc.);<br />

- a <strong>tecnociência</strong> deve ser comunicada em benefício de si mesma (para garantir apoio e<br />

consenso, para acelerar a circulação de informações e a colaboração entre cientistas e<br />

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