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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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4.1 Uma <strong>tecnociência</strong> “de controle”<br />

223<br />

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sua opinião é importante para nos ajudar a<br />

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Anúncio na home-page do<br />

Yahoo! e-mail, versão italiana (fevereiro<br />

de 2008)<br />

Na sociedade de soberania, o indivíduo era um súdito. Para a <strong>tecnociência</strong> da disciplina (da<br />

divulgação, da popular science), o “homem comum” é um cidadão leigo que pode e deve ser<br />

informado e esclarecido. Mas hoje a <strong>tecnociência</strong> fala também com o sujeito da<br />

governamentalidade: o cidadão é ora um usuário (do governo e da <strong>tecnociência</strong>), ora um<br />

consumidor e um cliente (de bens e serviços), ora um agente econômico ou um empresário<br />

(de si mesmo) ou, ainda, um elemento ativo da população (que deve ser suscitada, regulada,<br />

fomentada). É um sujeito, em suma, que não segue mais palavras-de-ordem, mas que<br />

“participa”, “interage”, que exige muito mais que a divulgação e do qual a<br />

governamentalidade não quer apenas um consentimento tácito e semi-informado, uma<br />

delegação para a tomada de decisão.<br />

Em suas camadas e dinâmicas de soberania, a <strong>tecnociência</strong> “régia” parece ter uma<br />

predileção para o latim. Antigamente, era o latim medieval, língua das universidades e das<br />

traduções de Aristóteles. Hoje, “latim” é o latinorum, o abracadabra dos relatórios tecno-<br />

burocráticos, o jargão da biomedicina, os códigos e as cifras da genômica, a linguagem dos<br />

manuais técnicos.<br />

No entanto, em sua vertente de disciplina, a <strong>tecnociência</strong> parece amar os desenhos em<br />

quadrinhos e a língua vernácula, como na igreja de S. Clemente na época em que começava a<br />

surgir a burguesia. É a linguagem amigável, cotidiana, porém heróica e entusiasmada, da<br />

divulgação científica: os desenhos hagiográficos vão junto com aquela “linguagem dos

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