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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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Trabalho de equipe, redes e outras modalidades de colaboração entre pesquisadores<br />

especialistas não são meras modas [...]. São conseqüências sociais da acumulação<br />

do conhecimento e da técnica. A ciência progrediu para um nível em que seus<br />

problemas importantes não podem ser solucionados por indivíduos que trabalhem<br />

independentemente um dos outros (Ziman, 2000: p. 70; trad. minha).<br />

Outros analistas (Okubo et al., 1992) também notaram que o crescimento na “dispersão de<br />

cérebros” – devido ao aumento de países com bons níveis de investimento em formação e<br />

P&D – não pode explicar, sozinho, o aumento na internacionalização da <strong>tecnociência</strong>: contatos<br />

internacionais podem ser vantajosos, mas têm custo alto. O que está acontecendo é que<br />

mudou a maneira como a ciência é praticada. Em muitos setores de ponta, a ciência é<br />

desenvolvida por projetos a tema, planejada seguindo problemas para resolver. Os problemas<br />

práticos não costumam emergir “prontos no meio de especialidades de pesquisa já existentes.<br />

Eles são essencialmente trans-disciplinares […] Até os problemas científicos mais<br />

‘fundamentais’ estão se revelando trans-disciplinares” (Ziman, 2000: p. 70, trad. minha).<br />

Transdisciplinaridade e internacionalização são então mais dois elementos no metabolismo<br />

atual da ciência. Mas seriam todos esses elementos mutantes indícios de uma revolução?<br />

1.9. O discurso da “ciência nova”<br />

Para alguns historiadores, as características contemporâneas analisadas acima, por<br />

interessantes que sejam, não sinalizam uma ruptura da <strong>tecnociência</strong>. A ciência sempre teve<br />

interações profundas com o mercado, com o sistema político e militar, com o aparato<br />

produtivo: nenhuma das características da ciência de hoje seria inédita. Alguns sociólogos, no<br />

entanto, decidiram usar a palavra revolução. Para Etzkowitz (1990), a “transformação do<br />

conhecimento em propriedade intelectual” e da “propriedade intelectual em propriedade<br />

privada” estariam causando uma “segunda revolução acadêmica”. Uma “tripla hélice” (a<br />

interação entre empresas, academias e governos) estaria impulsionando o avanço da<br />

<strong>tecnociência</strong>, dando origem a um novo modelo de “universidade empreendedora”.<br />

Segundo Echeverria (2005), já aconteceu uma “revolução tecnocientífica”, que teria<br />

duas fases distintas:<br />

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