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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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em que não participam apenas empresas, mas também cooperativas e instituições públicas de<br />

pesquisa, como o Instituto de Tecnologia de Alimentos e o Centro de Biotecnologia Molecular<br />

Estrutural da USP (Quadro 16).<br />

O aspecto relevante dessas práticas para quem estuda o funcionamento do dispositivo<br />

tecnocientífico é que o trabalho tradicional de pressão “a portas fechadas” com os políticos e<br />

os possíveis patrocinadores se integra com uma busca de visibilidade midiática e uma<br />

negociação do apoio público tanto por parte de cientistas individuais quanto de<br />

instituições públicas e privadas. A advocacy não se direciona apenas para o mundo dos<br />

profissionais da política, mas para a sociedade toda. O discurso da inexorabilidade, por si só,<br />

não basta para obter apoio incondicional e dinheiro. Deve ser continuamente reativado,<br />

recombinado, performatizado e modulado em constante escuta dos feedbacks sociais. Muitos<br />

se dão conta de que, para vender a ciência e a tecnologia para o contribuinte, a antiga<br />

divulgação-sedução, top-down, alfabetizadora, já não é tão eficaz. É preciso criar, ou ao<br />

menos simular, canais de diálogo com o público, baseados na escuta, na diversidade, no<br />

debate.<br />

Quadro 16. Exemplos de lobistas tecnocientíficos e sua missão.<br />

No Mundo No Brasil<br />

Science Coalition 241 (EUA). Os membros são<br />

principalmente universidades (públicas e privadas). O<br />

grupo tem como missão “expandir e fortalecer o<br />

investimento do governo federal em pesquisa<br />

universitária”, porque o apoio à pesquisa é “o mais<br />

importante passo que a nação pode empreender para<br />

manter a posição da América como líder em<br />

descobertas científicas, inovação tecnológica e<br />

crescimento econômico” 242 .<br />

Save Britsih Science (Reino Unido). Surgiu em 1986<br />

(publicando um anúncio pago no The Times para<br />

“salvar a ciência britânica” antes que fosse “tarde<br />

demais”. Mudou de nome em 2005 e hoje se chama<br />

“CaSE” (Campaign for Science and Engineering).<br />

Diz em seu site que “é um grupo de pressão voltado<br />

para melhorar a saúde científica do Reino Unido.<br />

Nosso objetivo é comunicar ao Parlamento e à nação<br />

[...] a importância econômica e cultural do<br />

ABRABI (<strong>As</strong>sociação Brasileira das Empresas de<br />

Biotecnologia). Fundada em 1986, é a “entidade<br />

nacional de representação do setor de Biotecnologia”<br />

e tem como objetivos “promover o desenvolvimento<br />

da biotecnologia no Brasil e defender os interesses de<br />

suas empresas associadas”.<br />

ABAG (<strong>As</strong>sociação Brasileira de Agribusiness).<br />

Tem por missão “conscientizar os segmentos<br />

decisórios do País para a importância da cadeia<br />

produtiva do agronegócio” 244 e “destacar [...] a<br />

importância do trabalho de gestão e gerenciamento<br />

de todo o sistema agroindustrial e a implantação de<br />

medidas que o fortaleçam”. <strong>As</strong> ferramentas adotadas<br />

para o cumprimento dessa missão são a “participação<br />

em foros nacionais e internacionais, reuniões,<br />

241 http://www.sciencecoalition.org/. Acesso em março 2008.<br />

242 http://www.sciencecoalition.org/mission.cf7m. Trad. minha. Acesso em março 2008.<br />

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