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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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formação moderna) é o elemento central. Laymert Garcia dos Santos (2008: p. 50 segs.)<br />

analisa 313 :<br />

Aproximando Foucault de Nietzsche e somando-se a eles, Deleuze fornece<br />

“indicações muito discretas”, porém poderosas, da nova cientificidade operatória que<br />

estaria em vias de se constituir para dar conta da uma nova relação de forças. Em seu<br />

entender, o encontro de Foucault com Nietzsche permitiu ao primeiro conceber como<br />

a cientificidade operatória da forma-Homem pensava, no século XIX, a força de viver,<br />

a força de trabalhar e a força de falar por meio da biologia, da economia política e da<br />

lingüística. Mas […] Foucault não teria visto que o processo de dispersão da vida e do<br />

trabalho […] havia ensejado uma contrapartida que levava a força de viver e a força<br />

de trabalhar a se desprenderem, respectivamente, da biologia e da economia política.<br />

Deleuze, em outras palavras, está lançando mão de uma hipótese interessantíssima. Levando<br />

até suas conseqüências o princípio de que toda forma é um composto de relações de forças – e<br />

considerando os desdobramentos das relações de forças a partir da crise das sociedades<br />

disciplinares – podemos suspeitar que haja o aparecimento de uma nova forma, implicando um<br />

sujeito diferente e um novo tipo de saber-poder se articulando. Para que este novo conjunto de<br />

forças pudesse ser pensado, suspeitado, diz Deleuze,<br />

Foi preciso que a biologia saltasse para a biologia molecular, ou que a vida dispersa<br />

se reunisse no código genético. Foi preciso que o trabalho dispersado se reunisse nas<br />

máquinas de terceira geração, cibernéticas ou informáticas. Quais seriam as forças<br />

em jogo, com as quais as forças do homem entrariam então em relação? Não seria<br />

mais a elevação ao infinito, nem a finitude, mas um finito-ilimitado […]. Não seria mais<br />

nem a dobra nem o desdobramento que constituiria o mecanismo operatório, mas sim<br />

algo como a Sobredobra, da qual dão testemunho os plissados próprios às cadeias do<br />

código genético, as potencialidades do silício nas máquinas de terceira espécie […]<br />

(Deleuze, 2006: p. 141).<br />

Eis, então, mais uma suspeita: se à configuração da atualidade corresponde uma composto de<br />

relações de forças que prefigura uma nova forma, nem Deus, nem Homem, um “Além-do-<br />

Homem”, ou “Após-Homem”, esta também não estaria intimamente conectada à possibilidade<br />

313 Veja também a discussão detalhada em Santos (2003).<br />

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