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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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e nos interesses do capitalismo co-atuaram na configuração atual das relações entre ciência,<br />

tecnologia e mercado.<br />

Segundo Foray e Kazancigil (1999), consultores da UNESCO, entre os fatores<br />

predominantes que influenciaram a maneira com que a ciência é financiada, conduzida e<br />

organizada, há a desaceleração do crescimento econômico nos países mais ricos nas últimas<br />

décadas, as políticas de cortes aos gastos públicos em muitos desses países e, com o fim da<br />

Guerra Fria, o declínio das motivações políticas para pesquisa de base ligadas à segurança<br />

nacional e supremacia militar (em física, por exemplo, ou na engenharia aeroespacial).<br />

Além disso, os custos crescentes da pesquisa científica e tecnológica (tremendamente<br />

crescentes em áreas de Big Science como física, biotecnologia, medicina) implicam a<br />

necessidade de busca de recursos não-governamentais.<br />

Em suma, o modelo de Vannevar Bush para a política de C&T – financiamentos<br />

públicos elevados para a pesquisa de base, com relativa independência e autonomia dos<br />

cientistas do poder político e dos interesses de mercado – entra em crise, tanto por<br />

conseqüência de seu próprio sucesso em fomentar o crescimento acelerado do aparato<br />

científico-tecnológico-industrial, quanto em conseqüência de acontecimentos políticos e<br />

econômicos em escala mundial. A “nova situação”, escrevem Foray e Kazancigil (1999: p. 10<br />

segs.), “significa que a ciência deve dar mais atenção às necessidades do mercado” e isso<br />

implica que os pesquisadores universitários tendem “a assumir, com respeito à propriedade<br />

intelectual, a mesma postura que as corporações privadas”: patentear e vender.<br />

De fato, especialmente nos países mais ricos e a partir da década de 1980, a relação<br />

entre empresas e universidades, entre mercado e produção de conhecimento, atravessa diversas<br />

disciplinas. É vista com entusiasmo por alguns – que enfatizam as potencialidades de novas<br />

alianças em fomentar o desenvolvimento econômico – e com preocupação por outros – que<br />

relevam o enfraquecimento da open science, da função central das universidades públicas, do<br />

comprometimento com o livre fluxo de informação e conhecimentos.<br />

1.6. Ciência, tecnologia e capitalismo no século XXI<br />

Um elemento comum a muitas descrições da dinâmica da ciência contemporânea é sua<br />

profunda e direta ligação com o mercado e o capitalismo. Em todas as épocas, os cientistas<br />

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