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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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ênfase na participação social? Seria o diálogo uma mera fachada retórica?<br />

- Em que sentido a <strong>tecnociência</strong> seria ao mesmo tempo piramidal e rizomática, top-down e<br />

bottom-up, disciplinar e de controle? Como e quando funciona de um jeito, como e quando de<br />

outro? <strong>As</strong> falhas tectônicas da atualidade podem ser sinal da iminência de novas<br />

recombinações? Há lugar para a escolha política, para a liberdade, nestas<br />

recombinações?<br />

- Para Foucault, uma economia de poder nunca é inexorável. O poder nunca “pode tudo”.<br />

Onde há poder, há resistências. Se a <strong>tecnociência</strong> é um dispositivo, ela não é “ideologia”. E<br />

não é somente “repressão” ou “dominação”. Ela é constituinte dos saberes e da formação<br />

positiva dos sujeitos. Pertencemos à <strong>tecnociência</strong>. Suas verdades são nossas verdades, seu solo<br />

de produção de pensamento é o nosso a priori histórico. Se é assim, é possível pensar o<br />

impensado? É possível produzir, fazer algo que se coloca fora, ou em antagonismo com a<br />

racionalidade governamental e seu entrelaçamento tecnocientífico?<br />

- Para Foucault, os dispositivos se constituem como respostas estratégicas a mutações nas<br />

relações de poder. Um dispositivo responde a certas exigências do governo dos corpos e das<br />

vidas. Qual seria a função de governo do dispositivo tecnocientífico? Para quê ele emerge, no<br />

contexto dos outros dispositivos disciplinares e biopolíticos? Ele serviria apenas para<br />

reproduzir o discurso e a prática da inexorabilidade?<br />

Para chegar à conclusão deste trabalho, falta então analisar a função estratégica da<br />

<strong>tecnociência</strong>, seus possíveis deslocamentos imprevistos ou indesejados, seus pontos de falhas,<br />

de atrito, de conflito, suas nevralgias e faíscas mais perigosas. Ver o lugar para onde estes<br />

podem levar. E ver se nesses lugares há espaço para a liberdade, para a resistência, para novos<br />

acontecimentos.<br />

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