10.06.2013 Views

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Em novembro de 1999, por exemplo, a revista Nature 228 atribuía ao poder do “lobby<br />

científico” o marcado crescimento do financiamento aos NIH (National Institutes of Health),<br />

nos EUA. No mesmo ano, a Universidade de Boston pagava setecentos e sessenta mil dólares<br />

para os serviços de lobbying da Cassidy&<strong>As</strong>sociates, enquanto a Science Coalition e a FASEB<br />

(Federation of American Societies for Experimental Biology) gastavam, respectivamente,<br />

quatrocentos e quarenta mil e duzentos e oitenta mil dólares para a mesma razão. Em 2001,<br />

uma análise publicada na Science (Malakoff, 2001) mostrava um censo das organizações<br />

lobistas que faziam pressão em Washington em favor de instituições de C&T: eram dezenas.<br />

Na Europa a dinâmica era a mesma, embora marchasse mais vagarosamente. Em 1997,<br />

no Reino Unido, surgira o UK Life Sciences Committee, que organizara, entre outras coisas,<br />

uma campanha para aumentar a bolsa dos estudantes de doutorado nas áreas de ciências da<br />

vida. No mesmo ano, Euroscience, organização que se autodefine “de base” (grass-roots<br />

organization) se ativava para criar um “fórum aberto para o debate sobre C&T” e “influenciar<br />

as políticas” 229 . Dois anos mais tarde, membros do Parlamento Europeu convidavam os<br />

cientistas do continente a fazer lobbying “forte e eficiente”, de forma similar à da “indústria e<br />

grupos de pressão como Greenpeace” (Abbott, 1999a). Poucas semanas depois, os cientistas<br />

da European Cell Biology Organization reunidos em Bolonha admitiam que, para recolher<br />

fundos, ganhar apoio e visibilidade, era preciso fazer como os colegas americanos: dialogar<br />

com o público e fazer lobby com os políticos. E acrescentavam (Abbott, 1999b) que o<br />

lobbying era parte da missão da recém nascida ELSO (European Life Science<br />

Organization) 230 .<br />

No final de 1999, nascia o European Life Sciences Forum para “apresentar aos<br />

políticos um ponto de vista unitário sobre as necessidades da comunidade que faz pesquisa de<br />

base na Europa”. Os colegas norte-americanos parabenizavam os europeus pela iniciativa e<br />

exortavam a gastar “uma proporção significativa de seu orçamento” no salário de “lobistas<br />

profissionais” e de um funcionário de dedicação integral para cuidar da public advocacy<br />

(Abbott, 1999c). Em 2000, na Alemanha, eclodia uma polêmica entre policy-makers e<br />

cientistas sobre a suposta incapacidade dos cientistas de comunicar com os políticos e<br />

228<br />

M. Wadman, “Science lobby ‘ecstatic’ after triumph in NIH budget battle”, Nature, vol. 402, 25 novembro 1999: p.<br />

334.<br />

229<br />

http://www.euroscience.org/about.htm. Acesso em março de 2008.<br />

230<br />

http://www.elso.org/index.php?id=about. Acesso em março de 2008.<br />

236

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!