10.06.2013 Views

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Conclusões<br />

An “happening in the world” is what needs to be understood.<br />

From time to time, and always in time, new forms emerge<br />

that catalyze previously existing actors, things, temporalities,<br />

or spatialities into a new mode of existence, a new<br />

assemblage, one that makes things work in a different<br />

manner and produces and instantiates new capacities. A<br />

form/event makes many other things more or less suddenly<br />

conceivable<br />

(Rabinow, 1999b: p. 180).<br />

Neste trabalho, investiguei o funcionamento da <strong>tecnociência</strong> contemporânea a partir de<br />

uma série de hipóteses e utilizando perspectivas e pontos de observação específicos.<br />

Em primeiro lugar, a concepção de que a <strong>tecnociência</strong> seria a fusão, a aliança ou a<br />

hibridação entre ciência e tecnologia me pareceu insatisfatória. Não porque esteja errado dizer<br />

que há uma convergência e uma ambigüidade nas fronteiras entre conhecimento científico e<br />

tecnologia, mas porque tal afirmação precisa ser problematizada, tomada como uma questão,<br />

um ponto de partida para a análise e a explicação, e não como uma definição. A <strong>tecnociência</strong><br />

não é “a” fusão ciência+tecnologia. Ela é um entrelaçamento, específico, entre ciência,<br />

tecnologia e capital, que se dá e se situa no contexto e nas condições de possibilidade da<br />

racionalidade governamental neoliberal. A <strong>tecnociência</strong>, como tentei demonstrar, não é uma<br />

convergência qualquer entre produção de saberes confiáveis, universalizáveis, e técnicas para<br />

fazer coisas acontecerem, mas um agenciamento específico, particular, um acontecimento. É<br />

uma singularidade que se deu a partir de um poliedro de processos, de uma série complexa de<br />

rupturas e movimentos no interior das economias de poder e das economias de verdade.<br />

Michel Foucault afirmava que não se pode falar do Estado como se fosse um ser se<br />

desenvolvendo a partir de si mesmo e se impondo por uma mecânica espontânea e automática<br />

aos indivíduos. O Estado é uma prática, dizia Foucault. Não pode ser dissociado do conjunto<br />

das práticas que fizeram com que ele se tornasse um modo de governar, um modo de fazer<br />

(veja, por ex., Foucault, STP: p. 282). Analogamente, como mostrei, não se pode falar da<br />

<strong>tecnociência</strong> como se fosse um ser se desenvolvendo a partir de si mesmo e se impondo por<br />

uma mecânica espontânea e automática aos indivíduos. A <strong>tecnociência</strong> é um conjunto de<br />

práticas, de técnicas, de saberes, um modo de governar e de se relacionar com o governo e a<br />

315

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!