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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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tanto nas empresas quanto nas instituições de ensino superior, à medida que os<br />

policy-makers e os políticos buscam incentivar a inovação e desenhar fortes<br />

conexões entre a performance científica e estruturas econômicas emergentes<br />

[...]. Nestas discussões de política científica a ênfase cai freqüentemente sobre como<br />

medir a produtividade científica, sobre a ‘propriedade intelectual’ e a codificação do<br />

conhecimento [...] Esta é a idade da ciência global, mas não no sentido [...] do<br />

‘conhecimento universal’ que caracterizara a meta-narrativa liberal [...]. A meta-<br />

narrativa [...] liberal foi agora submergida por narrativas baseadas numa lógica<br />

econômica que liga a ciência ao interesse nacional e à política econômica<br />

(Peters, 2006; trad. e grifos meus).<br />

No repertório de enunciações sobre ciência, tecnologia, desenvolvimento, sociedade, emergem<br />

slogans que parecem reivindicar uma reconfiguração do papel das universidades e da<br />

pesquisa. Dentre eles, marcantes são as enunciações da “necessidade” e do “desafio” de criar<br />

“universidades empreendedoras” capazes de atuar para uma “comercialização da pesquisa”<br />

(Figura 6 abaixo).<br />

Em 2000, a Comissão Européia anunciava sua “Estratégia de Lisboa”: transformar a<br />

União Européia, até 2010, na “mais competitiva e dinâmica economia do mundo baseada<br />

no conhecimento”, capaz de garantir “um crescimento econômico sustentável com geração de<br />

mais e melhores empregos e maior coesão social” (European Council, 2000). Para alcançar<br />

isso, era necessário, entre outras coisas, “preparar a transição para uma economia baseada no<br />

conhecimento”, por meio de “melhores políticas de P&D 46 e para a sociedade da informação”<br />

(ibidem). Dois anos depois, em Barcelona, o assunto era retomado e afirmava-se que, para<br />

criar as condições necessárias aos objetivos de Lisboa, devia-se investir 3% do PIB europeu<br />

em pesquisa e desenvolvimento. Em 2001, o governo do Canadá anunciava seu novo objetivo<br />

em termos de pesquisa e universidades: triplicar até 2010, por meio de uma agressiva política<br />

de incentivo às patentes, o grau de comercialização da pesquisa universitária 47 . Na<br />

Dinamarca, em 2005, o Ministro de C&T lançava mão de uma campanha para as<br />

universidades do país, de título: “da pesquisa ao recibo”, significando que as instituições de<br />

ensino e pesquisa devem servir também os interesses da indústria e dos negócios e, sobretudo,<br />

46 Pesquisa e desenvolvimento<br />

47 http://www.innovation.ca/publications/armit_e.pdf. Veja também: http://www.aucc.ca/_pdf/english<br />

/speeches/2002/inno_02_08_e.pdf. Acesso em jun.2008.<br />

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