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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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a burguesia, dizem Marx e Engels (2006 [1848]: p. 54-55), não pode existir senão<br />

revolucionando incessantemente os instrumentos de produção e, por conseguinte, as relações<br />

de produção. O Manifesto Comunista (Marx e Engels, 2006 [1848]) talvez seja o mais<br />

brilhante e emocionante retrato – ao mesmo tempo literário, jornalístico e científico – do<br />

novum em ação.<br />

Schumpeter também observa o entrelaçamento entre ciência, técnica e capitalismo. E lê<br />

o progresso tecnológico não como variável externa, e, sim, endógena ao sistema econômico.<br />

Para ele, a inovação é o motor da sociedade capitalista, a qual é vista como uma máquina:<br />

O impulso fundamental que inicia e mantém o movimento da máquina capitalista<br />

decorre dos novos bens de consumo, dos novos métodos de produção ou transporte,<br />

dos novos mercados, das novas formas de organização industrial que a empresa<br />

capitalista cria (Schumpeter, 1984: p.112; grifos meus).<br />

No discurso tecnocientífico contemporâneo, obviamente, o novo e a inovação não<br />

desaparecem. <strong>As</strong>sumem um papel ainda mais radical e estratégico, por exemplo, na afirmação<br />

do automovimento da <strong>tecnociência</strong>, de sua marcha inexorável. Cocco et al. (2003: p. 11),<br />

apenas para citar um exemplo, afirmam:<br />

Nas mudanças econômicas, tecnológicas, sociais e culturais que acompanham a<br />

emergência e a ampla difusão das novas tecnologias de informação e comunicação<br />

[…] e a nova dimensão cognitiva da economia, a produção constante e intermitente do<br />

“novo” impõe-se como um elemento comum, evidenciando deslocamentos<br />

paradigmáticos com profundas implicações na própria relação entre trabalho e vida. A<br />

produção do novo aparece como questão essencial para a ciência econômica na<br />

medida em que implica a inserção do aleatório, da incerteza e do desequilíbrio no<br />

cerne da atividade produtiva. A invenção e inovação ascendem à posição de<br />

elementos fundamentais para o sucesso econômico de empresas, sistemas<br />

produtivos, regiões e países, implicando novas demandas para as políticas públicas.<br />

Em alguns casos, novum e aceleração assumem conotações escatológicas. Para os<br />

“transhumanistas” 170 , por exemplo, a aceleração acelerada da produção de conhecimento, da<br />

170 Veja, entre outros, o site da “<strong>As</strong>sociação Trans-humanista”, a “Biblioteca do trans-humanismo e da extropia” e o<br />

texto de clássico de Vernor Vinge sobre a singularidade tecnológica.<br />

172

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