10.06.2013 Views

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

esgotamento na década de 80 e que hoje a fórmula que melhor descreve o andamento é de tipo<br />

power-law 69 .<br />

Além disso, os dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico<br />

(OECD, 2004; NSF, 2006) mostram que o investimento em pesquisa e desenvolvimento<br />

(P&D) nos países chamados “desenvolvidos” não cresceu, nas últimas décadas, mais<br />

rapidamente que o PIB, mantendo-se entre 1% e 3% deste. Além disso, o número de cientistas<br />

está crescendo apenas em alguns setores: a partir da Guerra Fria, nos EUA, o crescimento do<br />

número de pessoas empregadas em atividades científico-tecnológicas deveu-se principalmente<br />

a setores ligados a engenharia, tecnologia da informação e da comunicação.<br />

O fato de que o crescimento esteja mudando tem conseqüências relevantes, porque<br />

pode estar mudando também a lógica de distribuição dos recursos e de avaliação da pesquisa.<br />

Por um lado, recursos limitados levam instituições acadêmicas e pesquisadores das áreas mais<br />

fortemente ligadas a demandas sociais ou do mercado a buscar patrocínios externos aos da<br />

universidade. Por outro lado, as entidades que fornecem tais recursos cada vez mais pedem<br />

em troca algum retorno (social, militar, econômico), concreto, visível e a curto ou médio<br />

prazo. O discurso tecnocientífico hoje dominante fala de uma ciência que pode ser cobrada<br />

por seus custos sociais e econômicos, pelas conseqüências dos conhecimentos produzidos e,<br />

como veremos no cap. 4, até por suas práticas internas, pelos seus métodos. O debate<br />

sociológico também narra de uma ciência obrigada a encarar a questão de seus limites, a<br />

prestar conta do que faz e como o faz. Se a ciência sempre “falou para sociedade”, hoje a<br />

sociedade retorna a ligação: society speaks back to science (Gibbons et al., 1994). A ciência<br />

passa a ser regulada e politicamente dirigida de forma explícita:<br />

Emergiu uma robusta maquinaria social para distribuir os recursos e garantir que<br />

sejam usados com eficácia. Palavras poucos familiares, tais como ‘accountability’ e<br />

‘eficiência’ são agora ouvidas na academia. (Ziman, 2000: p. 72; trad. minha)<br />

A vitória de propostas como a de Vannevar Bush contribuiu em muitos países para uma<br />

política de investimentos públicos mais ou menos garantidos ao longo de grandes intervalos de<br />

69 Veja parágrafo precedente.<br />

59

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!