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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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natureza]. Os pesquisadores industriais agem sob uma autoridade empresarial mais<br />

que como indivíduos. Sua pesquisa é encomendada (commissioned) para alcançar<br />

objetivos práticos, mais que empreendida em busca do conhecimento. E eles estão<br />

contratados como experts, solucionadores de problemas, mais que para sua<br />

criatividade pessoal (Ziman, 2000: p. 79; trad. e grifos meus).<br />

Não é por acaso, continua o físico e sociólogo, que tais atributos se pronunciem PLACE, isto é:<br />

Proprietary, Local, Authoritarian, Commissioned, Expert. Place (ou seja, uma vaga, um<br />

emprego no mercado de trabalho), ao contrário de kudos, “é o que você ganha para fazer boa<br />

ciência industrial” (Ziman, 2000: p. 79, trad. minha). A ciência contemporânea, pós-<br />

acadêmica, nasce, segundo Ziman, da fusão, complexa e conflituosa, entre as normas e<br />

práticas que levam ao Kudos e aquelas voltadas para o Place. Entre ciência para o<br />

conhecimento e ciência para o uso. Tal ciência, diferente da “lenda” e incorporando elementos<br />

da racionalidade instrumental e econômica da ciência industrial, não se constitui somente pela<br />

busca desinteressada de conhecimento puro e neutral. A ciência hoje é feita de fatores de<br />

impacto: a carreira avança com base no número de publicações, no prestígio das revistas que<br />

as aceitam e nas citações que recebem. É feita de patentes e copyright, de contratos de<br />

pesquisa temporários, de redes internacionais e centros interdisciplinares. Tudo isso põe em<br />

cheque os modelos tradicionais, inclusive epistemológicos, de funcionamento da ciência<br />

acadêmica. Ziman identificou seis grandes forças em ação que impulsionam a transformação<br />

da ciência na contemporaneidade:<br />

1. Coletivização da pesquisa;<br />

2. Limites do crescimento (e competição entre pesquisadores);<br />

3. Exploração do conhecimento (e utilitarismo em sua produção);<br />

4. Novas políticas científicas (science policy);<br />

5. Industrialização da pesquisa;<br />

6. Burocratização e “empresarização” da pesquisa.<br />

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