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Tese completa Jaci MenezesFCC

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ANEXOS CAP 10<br />

ANEXO 1<br />

DISCURSO DE GREGÓRIO BEZERRA - Pelo voto dos analfabetos.<br />

Anais da Assembléia Constituinte de 1946, VOL XVII, 28/6/46.<br />

« ............................................................................................................<br />

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra o Sr. Guaraci Silveira. (pausa.) Não estando presente S.<br />

Ex., tem a palavra o senhor Gregório Bezerra.<br />

O SR. GREGÓRIO BEZERRA: Sr. Presidente, Srs. Constituintes, venho à tribuna, em nome<br />

da bancada do Partido Comunista, trazer mais uma vez a nossa modesta cooperação à elaboração da<br />

Carta Constitucional.<br />

Srs. Constituintes, todo o Brasil, de sul a norte, de este a oeste, tem o pensamento voltado para<br />

a Assembléia Nacional Constituinte, no anseio lógico de ver sair desta Casa uma Carta<br />

verdadeiramente democrática, que atenda em todo sentido às aspirações do povo brasileiro.<br />

Quero referir-me, Srs. Constituintes, ao Art. 150, que tolhe a liberdade da maior parte da<br />

população do Brasil, proibindo-lhe o direito de votar. Enquanto o parágrafo único do Art. 159 diz que<br />

todos os cidadãos são iguais perante à lei, o Art. 150 desmente aquele dispositivo.<br />

Srs. Constituintes, não é possível, na época moderna que atravessamos, que cerca de trinta<br />

milhões de brasileiros fiquem privados do direito de cidadania, a faculdade de escolher os candidatos<br />

de sua preferência para representar, nesta Assembléia, seus interesses, seus direitos e suas<br />

reivindicações. Os marinheiros, cabos, soldados, sargentos, sub-oficiais, sub-tenentes, do nosso<br />

Exército, da nossa Marinha, da nossa Aeronáutica e das Forças Públicas dos Estados estão privados<br />

dos direitos de cidadania. Acho que, no momento atual, em que o mundo marcha cada vez mais para a<br />

democracia, não se justifica, de maneira alguma, negarmos o direito de voto a esses cidadãos, porque<br />

são de fato, os defensores da soberania nacional. Os analfabetos são, por assim dizer, as alavancas do<br />

progresso, aqueles que tiram da terra o de que precisamos para nossa alimentação. São os construtores<br />

dos edifícios públicos, os fabricantes dos móveis de nossas casas, os operários que fazem os tecidos<br />

dos mais simples aos mais finos, para atender às necessidades dos humildes, como ao conforto das<br />

classes privilegiadas da sociedade.<br />

Senhores, o que digo, não é novidade. Em países mais adiantados que o Brasil, o direito de<br />

voto para os analfabetos e para as praças de pret já foi assegurado e nada indica tenha prejudicado ou<br />

anarquizado esses países. Na França, país culto, industrializado, berço das liberdades, todos os cidadão<br />

votam; analfabetos, letrados, pretos e brancos, nas suas colônias, em seus protetorados, uma vez que<br />

atinjam a idade regulamentar.<br />

Ainda agora, assistimos a Itália, mal saída do charco da guerra, passar para a democracia pelo<br />

voto dos militares e também dos analfabetos, dando esmagadora vitória à República e livrando o país<br />

das garras da monarquia. Sua Câmara já foi instalada, eleitos os respectivos representantes com a<br />

cooperação dos militares e analfabetos.

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