18.04.2013 Views

Tese completa Jaci MenezesFCC

Tese completa Jaci MenezesFCC

Tese completa Jaci MenezesFCC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ainda em relação ao direito de voto vejamos o que ocorre na Argentina: todo cidadão vota. Há<br />

dois dias, o Presidente da República irmã, coronel Juan Perón, indo à Câmara dos Deputados, para ler<br />

a primeira de suas mensagens, como Presidente eleito da República, pediu que o direito de voto fosse<br />

concedido aos soldados, cabos e sargentos, reparando-se, assim, dizia ele, grave injustiça que até então<br />

vinha se praticando.<br />

Nesta Casa, não só a bancada comunista, mas muitos ilustres representantes de outros<br />

partidos, já se pronunciaram a favor do direito de voto aos analfabetos e às praças de pret.<br />

Permitam-me, Senhores Representantes, que, começando pela nossa Marinha de Guerra, vos<br />

faça um relato, um ligeiro histórico a respeito da vida dos militares.<br />

O marinheiro, antes de servir nos navios de guerra vai, criança, com quatorze, quinze ou<br />

dezesseis anos, para as escolas de aprendizes, das quais já saem alfabetizadas e com instrução prémilitar<br />

bastante avançada. No navio, onde a cada um se atribui determinada tarefa a executar, ele<br />

especializa-se mais e mais, torna-se o verdadeiro marinheiro, aperfeiçoa-se na técnica e no manejo dos<br />

canhões, na nomenclatura de bordo e nas manobras indispensáveis ao cabal desempenho de sua<br />

missão, nos momentos críticos do combate.<br />

Vimos, na guerra que terminou há pouco mais de ano o que foi a ação da nossa Marinha de<br />

Guerra. Apesar da deficiência de material e da falta de navios, manteve-se coesa, com o coração e o<br />

cérebro voltados para a Pátria, patrulhando nossas costas, comboiando navios de abastecimento não só<br />

para a FAB e a FEB, que combatiam nos campos da Europa, como, também, carreando víveres e<br />

matérias primas para as nações aliadas.<br />

O trabalho de nossos homens do mar foi titânico, diuturno. Ameaçados de ser tragados, a todo<br />

momento, pelo oceano ou pelos tubarões sempre famintos, ou de ser torpedeados pelos corsários do<br />

“Eixo”, no entanto, que vimos? Ninguém fugiu, ninguém desertou, ninguém deu para trás; ao<br />

contrário, disputavam-se o direito de servir, de vigiar, de salvaguardar não só as tripulações dos seus<br />

navios mas, também, a carga preciosa que levavam os gêneros, as munições, os equipamentos bélicos -<br />

para suprir nossos combatentes e as Nações Unidas.<br />

Senhores, se analisarmos cuidadosamente, a eficiência técnica dos nossos marujos,<br />

chegaremos à conclusão de que devemos premiá-los; e melhor prêmio não haverá, no momento, para<br />

os nossos marinheiros, cabos, sargentos e sub-oficiais, que conceder-lhes, de fato, o direito de voto<br />

(muito bem).<br />

Não é justo que esses cidadãos, que ingressam na vida militar por ideal, tanto que nela se<br />

conservam enquanto o permitem os regulamentos militares, e que nela empenham toda força da<br />

vontade, todo o vigor físico e toda força moral para servir à Pátria querida, vejam negado seu direito<br />

de voto justamente quando a nação devia premiá-los.<br />

É uma injustiça, Srs. Constituintes. Falo em nome desses marinheiros, que já vieram a esta<br />

Assembléia suplicar do ilustre Sr. Presidente e de inúmeros Representantes o direito de voto. Não é<br />

possível que ainda tenhamos coragem de recusar-lhes tal direito até porque, Srs. Constituintes, a<br />

democracia não deve ser privilégio de meia dúzia de cidadãos que desfrutam posições de destaque na<br />

sociedade, que monopolizam, por assim dizer, o direito de voto, com desprezo pela maioria dos filhos<br />

de nossa Pátria.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!