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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Nota: Cálculos normaliza<strong>do</strong>s a uma base <strong>de</strong> 1000 palavras por versão da narrativa, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta os <strong>de</strong>ícticos <strong>em</strong><br />

análise (N= instâncias / Texto.)<br />

O recurso à forma <strong>de</strong> diálogo, alternan<strong>do</strong> com o discurso indirecto, aproxima o<br />

discurso narrativo da linguag<strong>em</strong> oral e da <strong>leitura</strong> <strong>em</strong> voz alta, como a que é partilhada com<br />

adultos, pais ou professores. Muitos <strong>do</strong>s leitores ainda não consegu<strong>em</strong> reconhecer e<br />

<strong>de</strong>scodificar o suporte linguístico, crian<strong>do</strong>-se, <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong>, uma comunida<strong>de</strong> interpretativa<br />

subjacente a um processo dialógico <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong> conceitos, até <strong>do</strong>s mais abstractos.<br />

A título ex<strong>em</strong>plificativo atent<strong>em</strong>os numa passag<strong>em</strong> da versão <strong>do</strong> conto Pinóquio, da<br />

conhecida colecção inglesa Ladybird, adaptada à primeira infância (Fig. 2):<br />

Fig. 2. Pinocchio, Ladybird Books, 1987, pp. 6-7.<br />

“That night” aponta para uma realida<strong>de</strong> textual <strong>de</strong> difícil compreensão da<strong>do</strong> que, no<br />

estádio pré-operatório, a criança não se consegue colocar no lugar <strong>do</strong> outro, <strong>em</strong>bora possua<br />

uma percepção global <strong>do</strong> “aqui” e “agora”. O recurso à linguag<strong>em</strong> não verbal, à imag<strong>em</strong><br />

gráfica, <strong>de</strong> natureza mais imediata, na qual se <strong>de</strong>staca uma figura humana, apontan<strong>do</strong> para<br />

a dimensão infinita da noite, leva o alocutário para o <strong>do</strong>mínio da acção por simulação, ao<br />

transportar-se ele próprio para o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> sonho. Para tal, a imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, Gepeto, a<br />

dialogar com Fígaro e, <strong>em</strong> simultâneo, a apontar para a noite, redirecciona a atenção <strong>do</strong>s<br />

pequenos leitores para o referente, a noite, conotada pela referência ana-catafórica “that”<br />

(aquela), <strong>de</strong> valor “distal” (M.-E. Almeida 2000). Por outras palavras, trata-se <strong>de</strong> algo<br />

longínquo <strong>em</strong> relação à realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> alocutário, que, todavia, localiza t<strong>em</strong>poralmente o<br />

espaço on<strong>de</strong> se movimentam as personagens no universo diegético, se b<strong>em</strong> que dilata<strong>do</strong> no<br />

t<strong>em</strong>po da narrativa. No esqu<strong>em</strong>a, que apresentamos <strong>em</strong> baixo (Figura 3), preten<strong>de</strong>mos<br />

<strong>de</strong>screver a forma como o escritor, o ilustra<strong>do</strong>r, e o <strong>de</strong>signer, constro<strong>em</strong> o texto multimodal<br />

<strong>em</strong> que o simbólico, “that night” (referência en<strong>do</strong>fórica), reportan<strong>do</strong>-se ao plano <strong>do</strong><br />

abstracto, coadjuva<strong>do</strong> pela activação <strong>do</strong> mapa conceptual/s<strong>em</strong>ântico, é <strong>de</strong>sambigua<strong>do</strong> pela<br />

representação da noite (coerência inters<strong>em</strong>iótica). “That night” é “transposto para uma<br />

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