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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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<strong>de</strong>senvolvimento obti<strong>do</strong>s apresentam valores tradicionalmente mais baixos <strong>do</strong> que os <strong>do</strong>s<br />

restantes países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) 1<br />

,<br />

constata-se uma preocupação política recente pela promoção da <strong>leitura</strong>, assumida como chave da<br />

produção <strong>de</strong> conhecimento e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento pessoal e social. Mais <strong>do</strong> que um po<strong>de</strong>r priva<strong>do</strong>,<br />

uma lectocracia, a <strong>leitura</strong> é hoje entendida como um direito <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s e um <strong>de</strong>ver social e como tal<br />

como um marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> cidadania associa<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento humano e social, pelo que se<br />

enten<strong>de</strong> a sua progressiva politização, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>ver objectiva<strong>do</strong> na criação <strong>de</strong><br />

condições <strong>de</strong> participação activa a to<strong>do</strong>s os cidadãos, transforman<strong>do</strong>-os recursivamente <strong>em</strong> coconstrutores<br />

da “polis”. Esta politização <strong>de</strong>verá, pois, pressupor a criação <strong>de</strong> condições favoráveis<br />

à formação <strong>de</strong> uma consciência pública feita <strong>de</strong> participação e <strong>de</strong> efectiva transformação social e<br />

não apenas à promoção <strong>de</strong> utilização, por um grupo restrito, <strong>do</strong>s valores da <strong>leitura</strong>.<br />

Não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser escamoteada a função histórica da escola <strong>de</strong> acesso à cultura escrita,<br />

importa, no entanto, ter presente que pensar formas <strong>de</strong> promoção da <strong>leitura</strong> é sobretu<strong>do</strong> pensar<br />

medidas políticas públicas integradas, <strong>em</strong> que o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ensino é assumi<strong>do</strong> como lugar<br />

central, ainda que não exclusivo, <strong>de</strong> promoção leitora. Naturalmente que a Escola, como o locus<br />

<strong>de</strong> eleição na formação <strong>de</strong> leitores, surge como centro <strong>de</strong> investimento político, mas também<br />

outros contextos <strong>de</strong> socialização, outros media<strong>do</strong>res são hoje perspectiva<strong>do</strong>s como el<strong>em</strong>entos<br />

fundamentais.<br />

Nesta linha, parece haver um entendimento mais ou menos generaliza<strong>do</strong> sobre as funções<br />

pessoais e sociais da <strong>leitura</strong> e <strong>do</strong>s leitores como uma construção escolar.<br />

Efectivamente, se a escola “é para muitos o único lugar <strong>de</strong> contacto com livros e a <strong>leitura</strong>,<br />

po<strong>de</strong>mos entendê-la como espaço i<strong>de</strong>al para a estruturação <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> leitora cuja<br />

acção ultrapassará s<strong>em</strong>pre os muros b<strong>em</strong> <strong>de</strong>limita<strong>do</strong>s da instituição, [e se ] o mo<strong>do</strong> como nos<br />

contextos escolares os indivíduos se encontram com os textos é (…) <strong>de</strong>terminante no seu futuro<br />

como leitores” (Dionísio, 2000: 44), certo é que n<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os actores envolvi<strong>do</strong>s no processo <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> leitores participam da mesma esfera <strong>de</strong> interesses e objectivos, o que po<strong>de</strong>rá levar a<br />

que n<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s estejam a falar <strong>do</strong> mesmo quan<strong>do</strong> se fala <strong>de</strong> <strong>leitura</strong> e <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> leitores.<br />

Nesta linha, uma questão matricial para a reflexão sobre os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> formação leitora consiste<br />

na seguinte pergunta: que leitores quer<strong>em</strong>os formar?<br />

Paralelamente, assistimos também à construção <strong>de</strong> um discurso social e escolar <strong>de</strong> <strong>leitura</strong><br />

cola<strong>do</strong> ao <strong>de</strong> iliteracia, que culpabiliza a escola, o seu sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ensino, os méto<strong>do</strong>s e<br />

instrumentos utiliza<strong>do</strong>s, a falência <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes e/ou <strong>do</strong>s alunos, enfatizan<strong>do</strong> as suas limitações<br />

muito mais <strong>do</strong> que as suas capacida<strong>de</strong>s. Estas construções alarmantes, alimentadas por um certo<br />

furor <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> iliteracia que po<strong>de</strong>mos encontrar nos discursos <strong>de</strong> políticos,<br />

jornalistas, escritores, pais e professores, têm necessariamente um valor social e pedagógico que<br />

importa consi<strong>de</strong>rar. No entanto, parece-nos que não ouvir o(s) discurso(s) da escola po<strong>de</strong>rá ser<br />

1 Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico consultada <strong>em</strong><br />

http://www.oecd.org/statisticsdata/0,3381,en_33873108_33873764_1_1_1_1_1,00.html<br />

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