20.04.2013 Views

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

faz<strong>em</strong> parte <strong>de</strong>sse grupo <strong>de</strong> bons ilustra<strong>do</strong>res que nosso país possui. O fato <strong>de</strong> um poeta<br />

como Ferreira Gullar se voltar para a infância, dar a esse público a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas<br />

poesias e, concomitant<strong>em</strong>ente, carregar <strong>em</strong> suas publicações um trabalho ilustrativo <strong>de</strong><br />

tanta qualida<strong>de</strong>, é dar à infância o seu respeito <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> Luís Camargo (1990, p. 167), “ilustração é arte” e ela é uma das primeiras<br />

portas <strong>de</strong> entrada da criança nesse mun<strong>do</strong>, já que “o acesso ao livro é muito mais fácil <strong>do</strong><br />

que a museus, galerias, etc.”. O ser humano precisa ter acesso a esse tipo <strong>de</strong> trabalho<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> ce<strong>do</strong>, para que <strong>de</strong>scubra e aprenda a perceber o que a arte po<strong>de</strong> lhe dar, algo como<br />

um mun<strong>do</strong> que não é só utilitário. Ferreira Gullar, <strong>em</strong> uma <strong>de</strong> suas entrevistas sobre arte e<br />

poesia, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a arte dá ao hom<strong>em</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntrar <strong>em</strong> um outro mun<strong>do</strong>,<br />

que não o banaliza (Gullar, 2005b, não pagina<strong>do</strong>).<br />

A criança precisa ter contato com esse tipo <strong>de</strong> trabalho para ter o aprendiza<strong>do</strong> das<br />

aparências, “apren<strong>de</strong>r a ver, a ouvir, a saborear as formas sensíveis <strong>em</strong> si mesmas, a<br />

perceber os objetos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a sua estrutura e a sua formação, e não apenas<br />

segun<strong>do</strong> sua utilização imediata” (Forquin apud Dias, 1999, p. 176). Assim, ela apren<strong>de</strong>rá a<br />

ter um olhar mais ativo e seletivo <strong>em</strong> relação às tantas coisas <strong>em</strong> massa que são produzidas<br />

na atualida<strong>de</strong>.<br />

Para Gullar (apud Pinheiro, 2005, não pagina<strong>do</strong>), um poeta é o mesmo que uma<br />

criança:<br />

são pessoas que ficam permanent<strong>em</strong>ente teiman<strong>do</strong>; no fun<strong>do</strong> são meninos. Um<br />

menino que não amadurece. Mas que diabos é amadurecer? Virar um cadáver adia<strong>do</strong>,<br />

como dizia o Fernan<strong>do</strong> Pessoa? O artista é, na verda<strong>de</strong>, a necessida<strong>de</strong> que o mun<strong>do</strong> t<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> manter viva a fantasia, a ilusão, que no fun<strong>do</strong> é o que vale a pena.<br />

Se a criança é, então, esse ser que carrega mais aflorada a fantasia, nada mais<br />

positivo <strong>do</strong> que tentar manter nela esse potencial imaginativo, através <strong>de</strong> materiais que<br />

carregu<strong>em</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ela ter um encontro com o mun<strong>do</strong> da arte. Quan<strong>do</strong> o infante<br />

po<strong>de</strong> ter <strong>em</strong> mãos livros como os aqui estuda<strong>do</strong>s, encontra uma porta para o mun<strong>do</strong> nãomensurável<br />

da elaboração e da criação estética.<br />

329

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!