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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Nestes múltiplos contextos, as duas instâncias textuais po<strong>de</strong>m evi<strong>de</strong>nciar<br />

graus diferentes <strong>de</strong> interpenetração. Esta po<strong>de</strong> ir <strong>de</strong> um grau mínimo, quan<strong>do</strong> a<br />

anexação gera o que <strong>de</strong>signamos textos mistos (aqueles que evi<strong>de</strong>nciam apenas<br />

uma parceria <strong>de</strong> instâncias textuais, eventualmente com consequências no<br />

processamento visual e cognitivo, mas on<strong>de</strong> nenhuma das instâncias textuais afecta<br />

significativamente a outra, ou seja, on<strong>de</strong> é possível <strong>de</strong>tectar alguma in<strong>de</strong>pendência<br />

na informação transmitida e nas estratégias para a sua transmissão).<br />

Mas a anexação <strong>de</strong> <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> texto po<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar um grau significativo<br />

<strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendência das duas instâncias e gerar o que <strong>de</strong>signamos textos híbri<strong>do</strong>s.<br />

Estes textos partiriam <strong>de</strong> uma concepção dinâmica <strong>de</strong> texto 1<br />

, e seriam capazes <strong>de</strong><br />

gerar um produto factorial das duas instâncias textuais, activan<strong>do</strong> eventualmente<br />

formas <strong>de</strong> processamento bimodal, e estabelecen<strong>do</strong> entre si fortes relações<br />

<strong>de</strong>ícticas. Nos textos híbri<strong>do</strong>s, os mecanismos <strong>de</strong> referência po<strong>de</strong>riam r<strong>em</strong>eter para<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s textos (<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> as relações <strong>de</strong>ícticas in praesentia)<br />

ou po<strong>de</strong>riam exigir que el<strong>em</strong>entos exteriores à imag<strong>em</strong> e/ou ao texto foss<strong>em</strong><br />

convoca<strong>do</strong>s para a construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s (<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> as relações <strong>de</strong>ícticas in<br />

absentia); nestes textos qualquer uma das instâncias podia afectar a compreensão<br />

da outra.<br />

Neste caso particular <strong>do</strong>s textos híbri<strong>do</strong>s, as expectativas geradas pelo leitor<br />

evoluiriam dinamicamente entre o texto pictural e o texto verbal, sen<strong>do</strong><br />

progressivamente validadas ou invalidadas, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> assim o mo<strong>do</strong> como a<br />

<strong>leitura</strong> e a compreensão se processam. Com estes casos seria fácil constatar que o<br />

processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> expectativas sobre o que vai ser li<strong>do</strong> e visto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

fort<strong>em</strong>ente <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como se <strong>de</strong>senvolve, <strong>de</strong> uma forma eventualmente também<br />

híbrida, o próprio processamento da <strong>leitura</strong> das duas instâncias verbais e visuais.<br />

No caso mais profun<strong>do</strong> <strong>de</strong> anexação das duas instâncias que consi<strong>de</strong>rámos,<br />

o texto fusional (<strong>de</strong> facto, já não po<strong>de</strong>mos falar apenas <strong>de</strong> uma anexação), a fusão<br />

seria entendida a partir da própria concepção híbrida <strong>de</strong> texto e geraria<br />

inequivocamente um produto factorial das duas instâncias, não permitin<strong>do</strong><br />

separação <strong>do</strong>s meios apresentativos e representativos que as constituíam. Nestes<br />

casos, a própria <strong>leitura</strong>, como diz Sabine Gross (1997), transformar-se-ia num jogo<br />

dinâmico com consequências <strong>de</strong>tectáveis no processamento <strong>de</strong> textos. A um nível<br />

micro, a <strong>leitura</strong> obrigaria a que o leitor optasse, <strong>em</strong> cada momento, por um aparato<br />

<strong>de</strong> <strong>leitura</strong> icónica ou arbitrária e soubesse interpretar a sua dimensão conotativa.<br />

1 Nesta concepção dinâmica, tal como proposta <strong>em</strong> Scherner (2000), po<strong>de</strong>ríamos concluir que a própria<br />

percepção visual se orientaria com base <strong>em</strong> conhecimentos <strong>em</strong>pírica e culturalmente adquiri<strong>do</strong>s sobre<br />

a forma como cada uma das instâncias textuais se suportam para a construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s.<br />

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