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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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pintar cada po<strong>em</strong>a, uma, duas, três, quatro vezes, até <strong>de</strong> repente sentir: <strong>de</strong>u certo. B<strong>em</strong>,<br />

pelo menos para mim (Lago, apud Gullar, 2000, p. 47).<br />

O envolvimento com o texto, necessário aos responsáveis pela ilustração, é evi<strong>de</strong>nte<br />

na relação <strong>de</strong> Angela-Lago com os po<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Um Gato Chama<strong>do</strong> Gatinho. Ela relata que<br />

sua primeira idéia para o início da criação foi se inspirar <strong>em</strong> seu próprio gato e que o fato <strong>de</strong><br />

tê-lo como mo<strong>de</strong>lo fez com que as coisas se tornass<strong>em</strong> mais fáceis. A imaginação é levada<br />

<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração: não se têm <strong>de</strong>senhos realistas, o gato pinta<strong>do</strong> por Lago é ver<strong>de</strong>! Ver<strong>de</strong><br />

porque ela diz ficar muito impressionada com o fato <strong>de</strong> seu bichinho ver no escuro e,<br />

portanto, resolveu transformá-lo na cor que nós, humanos, conseguimos ver quan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong><br />

está escuro: fosforescente. Adquirimos, <strong>de</strong>ssa maneira, a principal característica, ressaltada<br />

pela <strong>de</strong>senhista, <strong>do</strong> próprio gato, e passamos a enxergá-lo <strong>de</strong> forma como se nós mesmos<br />

tivéss<strong>em</strong>os a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver as coisas na escuridão.<br />

Lago, como ilustra<strong>do</strong>ra cont<strong>em</strong>porânea que é, se manteve envolvida com a<br />

completu<strong>de</strong> <strong>do</strong> texto, não apenas com frases que lhe pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> ser mais figurativas.<br />

Decorar os versos fez parte <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> ela se tornar também autora da obra (pois<br />

quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>coramos um po<strong>em</strong>a é como se ele se tornasse nosso e passa, então, a fazer<br />

parte <strong>de</strong> nossa vida e <strong>de</strong> nossa imaginação) e ser capaz <strong>de</strong> montar uma nova narrativa,<br />

através <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>senhos.<br />

O primeiro po<strong>em</strong>a, “O gato curioso”, apresenta o Gatinho:<br />

Era uma vez era uma vez<br />

um gato siamês.<br />

Por ser muito engraçadinho,<br />

é chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gatinho.<br />

Além <strong>de</strong> ser muito carinhoso,<br />

ele é muito curioso.<br />

Nada se po<strong>de</strong> fazer<br />

que ele não <strong>de</strong>seje ver.<br />

Se alguém mexe na estante,<br />

está lá no mesmo instante.<br />

Se vão consertar a pia,<br />

está ele lá <strong>de</strong> vigia.<br />

E o resulta<strong>do</strong> é que quan<strong>do</strong><br />

viu seu <strong>do</strong>no consertan<strong>do</strong><br />

a tomada da pare<strong>de</strong>,<br />

meteu-se, com tanta se<strong>de</strong>,<br />

a cheirar tu<strong>do</strong> que – nhoque!<br />

levou um baita <strong>de</strong> um choque!<br />

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