20.04.2013 Views

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Acontece mesmo que a estrutura da narrativa segue um esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

euforia/disforia/euforia o que, <strong>em</strong> nosso enten<strong>de</strong>r, é securizante para a criança que lê<br />

ou escuta o texto.<br />

“A História <strong>do</strong> hidroavião”, <strong>de</strong> António Lobo Antunes, é uma narrativa que<br />

aborda um t<strong>em</strong>a que não surge, habitualmente, na Literatura para a Infância: a Guerra<br />

Colonial.<br />

As personagens viv<strong>em</strong> uma situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senraizamento, tristeza e <strong>de</strong>sencanto<br />

quan<strong>do</strong>, vindas <strong>de</strong> África, s<strong>em</strong> nada, são colocadas num <strong>de</strong>scampa<strong>do</strong>, algures, perto<br />

<strong>do</strong> Rio Tejo, na zona <strong>de</strong> Cabo Ruivo. Têm por companhia imagens <strong>de</strong> Tristeza e <strong>de</strong><br />

Morte.<br />

Num final <strong>de</strong> encantamento, regressam, ou não, ao paraíso tropical, que<br />

guardam no sonho, a bor<strong>do</strong> <strong>de</strong> um hidroavião, apodreci<strong>do</strong> no meio da relva.<br />

Num universo ficcional é abordada uma t<strong>em</strong>ática <strong>do</strong>lorosa que, <strong>de</strong> uma forma<br />

subtil e <strong>de</strong>licada mas também fi<strong>de</strong>digna <strong>em</strong> relação à História, enriquece, s<strong>em</strong> dúvida,<br />

o leitor a qu<strong>em</strong> a obra seja facultada.<br />

“O Elefante Cor-<strong>de</strong>-Rosa”, <strong>de</strong> Luísa Dacosta, ilustra primorosamente o que<br />

acabamos <strong>de</strong> afirmar. Apresenta uma situação <strong>de</strong> harmonia perfeita on<strong>de</strong>, “noutro<br />

planeta, fora da nossa galáxia, num mun<strong>do</strong> pequenino, forja<strong>do</strong> no bafo <strong>de</strong> outras<br />

estrelas e aqueci<strong>do</strong> por outro sol, havia elefantes cor-<strong>de</strong>-rosa.” (s/p).<br />

Um dia, contu<strong>do</strong>, a harmonia rompe-se, pois uma flor morreu; ainda dançaram “à<br />

luz das três luas, dan<strong>do</strong>-se as trombas, mas estavam tristes.” (s/p).<br />

E a Tristeza aumenta diante da Morte que pouco a pouco inva<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o planeta.<br />

O elefante cor-<strong>de</strong>-rosa está só e triste mas... para ele ainda se acen<strong>de</strong> uma esperança<br />

no fogo <strong>do</strong>s cometas que passam... E é o cometa mais jov<strong>em</strong> que transporta o<br />

elefante através <strong>do</strong> espaço, e a narrativa termina numa situação <strong>de</strong> harmonia.<br />

A infância, s<strong>em</strong>pre enaltecida na obra <strong>de</strong>sta autora, é o único espaço possível<br />

para acolher o elefante cor-<strong>de</strong>-rosa, vin<strong>do</strong> <strong>de</strong> um outro planeta na cauda <strong>de</strong> um<br />

cometa. Assim, para além <strong>do</strong>s múltiplos “ensinamentos” que esta obra oferece,<br />

assinalamos esta instauração da infância como receptáculo acolhe<strong>do</strong>r para um<br />

elefante cor <strong>de</strong> rosa, único sobrevivente <strong>de</strong> um planeta <strong>em</strong> <strong>de</strong>struição.<br />

“O Peixe Baltazar”, <strong>de</strong> Manuel Jorge Marmelo e Jorge Afonso Marmelo, é uma<br />

narrativa que contém diferentes estrelas que brilham no seu firmamento... talvez por<br />

ser escrita <strong>em</strong> parceria com a infância...<br />

425

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!