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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Diante da riqueza literária <strong>do</strong> texto <strong>de</strong> Carlo Collodi “As aventuras <strong>de</strong> Pinóquio”,<br />

questões foram se apresentan<strong>do</strong> e mobilizaram esta professora <strong>em</strong> seu fazer <strong>do</strong>cente: quais<br />

as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalhar com alunos <strong>em</strong> fase <strong>de</strong> alfabetização essa literatura? A<br />

recepção <strong>do</strong>s alunos seria negativa <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao volume <strong>de</strong> texto verbal e o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

páginas s<strong>em</strong> ilustrações? Seriam estabelecidas relações com as versões 1<br />

<strong>de</strong>ssa história<br />

conhecidas anteriormente pelos alunos?<br />

A professora resolveu apostar na potencialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> texto <strong>de</strong> Collodi e o levou para a<br />

sala <strong>de</strong> aula. A <strong>leitura</strong> acontecia diariamente, distribuída conforme os capítulos <strong>do</strong> livro.<br />

Percebeu que, durante a apresentação <strong>do</strong> texto literário aos alunos, este foi capaz <strong>de</strong> não<br />

<strong>de</strong>sviá-los <strong>do</strong> entorno social real, ou seja, estava volta<strong>do</strong> para a vida, para a produção <strong>de</strong><br />

novos senti<strong>do</strong>s, pois o boneco tinha necessida<strong>de</strong>s que toda a criança <strong>de</strong>ssa faixa etária<br />

também compartilha: ir à escola, ser curiosa e ávida por <strong>de</strong>scobrir o mun<strong>do</strong>. A escuta <strong>do</strong>s<br />

pequenos leitores da história <strong>do</strong> Pinóquio surpreen<strong>de</strong>u, dada a comprovada qualida<strong>de</strong> da<br />

obra literária <strong>em</strong> sua totalida<strong>de</strong>, pois fez com que os leitores percebess<strong>em</strong> aquilo que<br />

Vygotski (2001, p. 358) <strong>de</strong>staca muito b<strong>em</strong>: “A criança é capaz <strong>de</strong> fazer uma interpretação<br />

real e verda<strong>de</strong>ira <strong>do</strong>s fenômenos, <strong>em</strong>bora, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, <strong>de</strong> imediato não possa explicar<br />

tu<strong>do</strong> até o fim”.<br />

A história foi criada no contexto italiano <strong>do</strong> século XIX no ano <strong>de</strong> 1883. Collodi 2<br />

nasceu<br />

<strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1826, foi jornalista e escritor, trabalhou numa livraria, estu<strong>do</strong>u num liceu<br />

religioso. Em 1881, criou o primeiro jornal italiano para crianças, "Giornale Per i Bambini",<br />

on<strong>de</strong> publicou o primeiro <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> capítulos da história <strong>de</strong> Pinóquio, o qual se<br />

transformou <strong>em</strong> livro, <strong>do</strong>is anos mais tar<strong>de</strong>.<br />

Há traduções <strong>de</strong>sse livro para 87 idiomas, <strong>em</strong> 65 países, e reconheci<strong>do</strong>s pela<br />

Fondazione Nazionale Carlo Collodi, instituição cultural privada <strong>de</strong> âmbito público, <strong>de</strong><br />

interesse nacional italiano, fundada <strong>em</strong> 1962, <strong>em</strong> Pescia (Itália). A tradução brasileira <strong>de</strong><br />

Marina Colasanti, editada <strong>em</strong> 2002 pela Companhia das Letrinhas e utilizada pela<br />

professora <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, contém 36 capítulos, 191 páginas e, <strong>de</strong>stas,<br />

apenas 11 são ilustradas. Há um recurso lingüístico no início <strong>de</strong> cada capítulo <strong>do</strong> livro<br />

anuncian<strong>do</strong> sucintamente o que irá acontecer no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste. A história conta sobre um<br />

pedaço <strong>de</strong> lenha, cujo fim seria a lareira para aquecer a casa <strong>de</strong> mestre Cereja. Porém,<br />

este, ao ficar com me<strong>do</strong> <strong>do</strong> pedaço <strong>de</strong> lenha que ria e <strong>de</strong>bochava <strong>de</strong>le, presenteou-o a seu<br />

amigo Gepeto, o qual planejava criar uma marionete que soubesse dançar, esgrimir, dar<br />

saltos mortais, etc. Após ganhar vida nas mãos <strong>de</strong> Gepeto, a marionete ganhou o mun<strong>do</strong>,<br />

1 Versões recontadas com o título <strong>de</strong> Pinóquio são inúmeras no território brasileiro. Porém, a gran<strong>de</strong> maioria<br />

<strong>de</strong>las traz um texto simplifica<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a riqueza textual da versão integral <strong>de</strong> Carlo Collodi. Também<br />

t<strong>em</strong>os o filme na versão da Disney muito difundi<strong>do</strong> no Brasil, o qual não dá <strong>de</strong>staque ao que só perceb<strong>em</strong>os ao<br />

ler a versão integral <strong>do</strong> texto <strong>de</strong> Collodi.<br />

2 www.pinocchio.it<br />

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