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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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O último e, a nosso ver, melhor elogio da diferença é o texto A Menina Ver<strong>de</strong>.<br />

Elogiar a diferença passa, antes <strong>de</strong> mais, por se aceitar que se é diferente seja por<br />

que motivo for:<br />

“Aquela menina nasceu ver<strong>de</strong>, ver<strong>de</strong>, ver<strong>de</strong>, ver<strong>de</strong>.[ 5<br />

]<br />

- Seria <strong>de</strong> eu comer muito cal<strong>do</strong> ver<strong>de</strong>?- perguntava a mãe.<br />

-Seria <strong>de</strong> eu beber muito vinho ver<strong>de</strong>?- perguntava o pai?” (Soares, 2002: 1).<br />

Posteriormente, na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se modificar o el<strong>em</strong>ento incomum,<br />

diferente “os médicos puseram-na ao sol a ver se corava (…) Puseram-na à sombra a<br />

ver se <strong>de</strong>scorava. Ficou ainda mais ver<strong>de</strong>” (I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m: 1). A personag<strong>em</strong> principal,<br />

ver<strong>de</strong> e linda, aproveita, explora e frui o <strong>do</strong>m <strong>de</strong> ser singular e única: “Ninguém jogava<br />

às escondidas melhor <strong>do</strong> que ela. Na relva ver<strong>de</strong>, nos arbustos ver<strong>de</strong>s, qu<strong>em</strong><br />

conseguia encontrá-la? (…) trepava às figueiras s<strong>em</strong> que o <strong>do</strong>no <strong>do</strong>s figos lhe<br />

ralhasse.” (I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m: 3 e 5).<br />

Nada mais resta à menina e aos pais, além <strong>de</strong> verificar como a sua diferença se<br />

consolida: “Assim foi crescen<strong>do</strong> linda e ver<strong>de</strong>” (I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m: 7). Essa diferença é<br />

valorizada consoante a perspectiva <strong>do</strong> aprecia<strong>do</strong>r:<br />

“Ver<strong>de</strong> como a Primavera diziam os sonha<strong>do</strong>res.<br />

-Como uma alface - diziam os comilões.(…)<br />

-Como meta<strong>de</strong> da ban<strong>de</strong>ira portuguesa - diziam os patriotas.<br />

-Ver<strong>de</strong> como a esperança - diziam os que achavam que a esperança tinha cor.”<br />

(I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m: 7)<br />

O conto t<strong>em</strong> como <strong>de</strong>sfecho a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a menina encontrar alguém que<br />

esperava pela diferença. Mais uma vez, a compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong> surge como mensag<strong>em</strong><br />

positiva no final <strong>de</strong> uma estória <strong>de</strong> Luísa Ducla Soares, acompanhada da<br />

imprescindível nota <strong>de</strong> humor:<br />

“Ver<strong>de</strong> como o Sporting! - exclamou apaixonadamente o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Clube<br />

<strong>do</strong>s Ver<strong>de</strong>s.<br />

Amaram-se ver<strong>de</strong> e verda<strong>de</strong>iramente. Foram viver para uma casa ver<strong>de</strong> e, <strong>em</strong><br />

vez <strong>de</strong> um cão <strong>de</strong> guarda, compraram um crocodilo. Ver<strong>de</strong>” (I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m: 7)<br />

Além das obras anteriormente referidas, consagradas <strong>em</strong> exclusivo à t<strong>em</strong>ática<br />

da diferença, exist<strong>em</strong> contos noutras obras da autora, <strong>em</strong> que são igualmente visíveis<br />

os aspectos da diferença e <strong>do</strong> cómico, tais como <strong>em</strong>: “O Monstro”, “O Vampiro que<br />

bebia groselha” e “A Sereia” (pertencentes à obra “Seis Histórias às Avessas”)<br />

5 Atent<strong>em</strong>os na intensificação da cor ver<strong>de</strong>, conseguida através da repetição da palavra.<br />

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