20.04.2013 Views

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Foi também possível constatar com as criações <strong>de</strong> Severinóquios a apropriação <strong>do</strong><br />

conceito <strong>de</strong> charge pelas crianças, o que se <strong>de</strong>u <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às múltiplas <strong>leitura</strong>s feitas nos<br />

jornais durante o perío<strong>do</strong> que liam/ouviam a literatura infantil <strong>de</strong> Pinóquio. Os alunos<br />

surpreen<strong>de</strong>ram a professora com a produção da charge, e esta não resistiu e saiu pela<br />

escola a mostrar o resulta<strong>do</strong>. Alguns educa<strong>do</strong>res observavam incrédulos, outros <strong>de</strong>ram a<br />

maior força e teve aqueles que assinalaram a capacida<strong>de</strong> da criança para ler e interpretar o<br />

mun<strong>do</strong> que a ro<strong>de</strong>ia.<br />

Passada a euforia pela cont<strong>em</strong>plação da objetivação artística, charge <strong>do</strong> Severinóquio,<br />

a professora explicou aos alunos que algumas pessoas não estavam acreditan<strong>do</strong> que,<br />

sen<strong>do</strong> eles crianças e com apenas sete anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>riam discutir política <strong>em</strong> sala <strong>de</strong><br />

aula, então propôs que individualmente justificass<strong>em</strong> por escrito a charge produzida. Desafio<br />

aceito; novamente surpreen<strong>de</strong>ram com as produções textuais recheadas <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s.<br />

Entre <strong>leitura</strong> literária, produção <strong>de</strong> charge e <strong>de</strong> escrita, professora e alunos foram<br />

constituin<strong>do</strong>-se leitores nas relações <strong>leitura</strong>/imag<strong>em</strong>/palavra numa intensida<strong>de</strong> tão<br />

envolvente e comprometida que alguns pais acabaram se inteiran<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo e<br />

acompanhan<strong>do</strong> as discussões <strong>do</strong>s filhos <strong>em</strong> casa. Foi organizada uma exposição que<br />

objetivava fazer com que o leitor/cont<strong>em</strong>pla<strong>do</strong>r se <strong>de</strong>parasse com objetivações artísticas e,<br />

ao interagir com as obras, produzisse novos senti<strong>do</strong>s.<br />

Acreditamos que toda e qualquer objetivação artística <strong>de</strong>ve necessariamente passar<br />

por uma exposição, possibilitan<strong>do</strong> a cont<strong>em</strong>plação por parte <strong>de</strong> um suposto<br />

leitor/cont<strong>em</strong>pla<strong>do</strong>r. De acor<strong>do</strong> com Bakhtin (2006), a relação entre autor/personag<strong>em</strong>/leitor<br />

no exercício da cont<strong>em</strong>plação estética faz com que o especta<strong>do</strong>r entre <strong>em</strong> contato com a<br />

obra e, <strong>de</strong> fora <strong>de</strong>la, produza certo estranhamento. Portanto, o acabamento da obra <strong>de</strong>ve<br />

provocar senti<strong>do</strong>s outros – outros porque muitos senti<strong>do</strong>s já haviam si<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong>s – na<br />

relação que o especta<strong>do</strong>r po<strong>de</strong>rá vir a ter ao cont<strong>em</strong>plar aquela objetivação artística. Por<br />

isso, professora e alunos organizaram a exposição com o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus trabalhos,<br />

expon<strong>do</strong> a objetivação artística <strong>do</strong> personag<strong>em</strong> Severinóquio durante a festa <strong>de</strong><br />

encerramento <strong>do</strong> ano letivo <strong>em</strong> sua escola.<br />

Na ocasião, pu<strong>de</strong>ram – professora e seus alunos – perceber que houve a circulação<br />

<strong>de</strong> novos senti<strong>do</strong>s, produzi<strong>do</strong>s pelo público que entrou <strong>em</strong> contato com a criação artística.<br />

Houve uma repercussão positiva entre os convida<strong>do</strong>s da Secretaria <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong><br />

município e <strong>do</strong>s familiares <strong>do</strong>s alunos, o que foi possível observar <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos comentários<br />

<strong>em</strong>iti<strong>do</strong>s por estes. Professora e alunos se constituin<strong>do</strong> mutuamente leitores nos processos<br />

<strong>de</strong> interação social, imprimin<strong>do</strong> marcas, signos, senti<strong>do</strong>s às histórias <strong>de</strong> cada um e <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s.<br />

À guisa <strong>de</strong> conclusões: um marco na constituição <strong>do</strong>cente da professora analisada<br />

aqui, po<strong>de</strong>-se dizer com toda a segurança, é a literatura infantil. Isto se comprova quan<strong>do</strong><br />

encontra alguns ex-alunos e estes se dirig<strong>em</strong> a ela dizen<strong>do</strong> “você é aquela professora que<br />

465

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!