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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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iniciativa particular <strong>de</strong>spontasse, e que o Esta<strong>do</strong> se não <strong>em</strong>penhasse <strong>em</strong> a <strong>de</strong>sanimar. Não<br />

nos preoccup<strong>em</strong>os, pois, com os adultos. Para não per<strong>de</strong>rmos t<strong>em</strong>po!<br />

2.º — Criar-se-hia uma divida especial, <strong>de</strong>stinada á educação infantil<br />

(comprehen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> instrucção primaria, maternida<strong>de</strong>s, jardins <strong>de</strong> infancia, etc.), com<br />

inscripção á parte no orçamento. Inutilizar-se-iam todas as escolas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e construirse-iam,<br />

<strong>em</strong>pregan<strong>do</strong> os materiaes proprios <strong>de</strong> cada região, outras tantas e muitas mais<br />

escolas <strong>do</strong> tão lin<strong>do</strong> typo indica<strong>do</strong> na gravura, <strong>de</strong>senho inedito, original <strong>do</strong> architecto Raul<br />

Lino. Construidas, seria preciso <strong>de</strong>coral-as, florin<strong>do</strong>-as e pon<strong>do</strong> nas suas pare<strong>de</strong>s, <strong>em</strong> vez<br />

<strong>de</strong> mappas gordurosos, pendura<strong>do</strong>s nos pregos ferrugentos, a alegria <strong>do</strong>s chromos e <strong>do</strong>s<br />

frizos, preparan<strong>do</strong> assim as gerações futuras para a maior alegria que um bom latino po<strong>de</strong><br />

gosar, - a admiração -, e para que venham a tratar com menos selvageria <strong>do</strong> que seus<br />

maiores as paisagens e as coisas bellas da sua grey.<br />

3.º — Importar-se-hiam <strong>do</strong>s paizes mais cultos professores i<strong>do</strong>neos para nos<br />

ensinar<strong>em</strong> a risonha disciplina que nos falta, e a precisão <strong>do</strong>s seus metho<strong>do</strong>s, que<br />

<strong>de</strong>sconhec<strong>em</strong>os.<br />

4.º — Crear-se-hia um parti<strong>do</strong> pedagogico ou infantilista, — o que mais razão <strong>de</strong><br />

existência viria a ter, — e seria o d'aquelles cujos habitos <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia espiritual lhes<br />

não permitt<strong>em</strong> que milit<strong>em</strong> n'outro, — o d'aquelles que nas creanças confiam, para ellas<br />

trabalham e d'ellas esperam; o parti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s que prefer<strong>em</strong> mil vezes a historia das amoras a<br />

tantas outras historias, por egual phantasistas, — mas muito menos graciosas." [art. cit.]<br />

Lopes Vieira aparece nestas duras palavras como um crítico atento ao seu próprio<br />

t<strong>em</strong>po, pois não se fica pelo simples lamento <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong>plorável <strong>em</strong> termos<br />

educativos, mas procura indicar alguns caminhos pragmáticos <strong>de</strong> intervenção — entre os<br />

quais, o da irónica proposta da criação <strong>de</strong> um parti<strong>do</strong> infantilista, po<strong>de</strong> ser vista como uma<br />

reacção construtiva à proliferação estéril das agr<strong>em</strong>iações políticas durante a 1ª República<br />

— que permitiriam uma regeneração <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a educativo e, com ele, um "<strong>de</strong>sabrochar da<br />

alma mo<strong>de</strong>rna que nos falta" [art. cit.]. Em 1916, não tinha ainda <strong>de</strong>sisti<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes intentos e<br />

escreve uma carta ao Presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Estu<strong>do</strong>s Pedagógicos, submeten<strong>do</strong>-lhe<br />

um projecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> Escolas primárias portuguesas, <strong>de</strong> inspiração nacional e<br />

regional, que procurava ao mesmo t<strong>em</strong>po enaltecer a Pátria e glorificar as indústrias<br />

tradicionais e <strong>do</strong>mésticas. Numa visão estética da sala <strong>de</strong> aula, preconizava uma <strong>de</strong>coração<br />

<strong>em</strong> que se <strong>em</strong>pregass<strong>em</strong> os produtos e objectos característicos das indústrias regionais, o<br />

que, além <strong>de</strong> criar um ambiente propício, transformaria as escolas <strong>em</strong> museus populares,<br />

afirmativos <strong>de</strong> uma paisag<strong>em</strong> específica e <strong>do</strong> carácter das gentes que a povoavam3 . Para<br />

3 Agostinho <strong>de</strong> Campos escrevia uma crónica para o Comércio <strong>do</strong> Porto, <strong>em</strong> 5 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1916, intitulada<br />

"Escola e Região", <strong>em</strong> que dava conta da importância <strong>de</strong>ste projecto <strong>de</strong> ALV e das realizações concretas que<br />

teve, numa clara <strong>de</strong>monstração da exequibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s seus intentos educativos: […] Para dar corpo ao<br />

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