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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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tradição oral (através da escrita) po<strong>de</strong> proporcionar às crianças que se iniciam na <strong>leitura</strong><br />

e na escrita a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer<strong>em</strong> essa relação básica – mas não óbvia –<br />

entre os <strong>do</strong>is mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> enunciação.” (1994: 9). Experiências neste âmbito têm<br />

<strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> que uma criança precisa <strong>de</strong> ter acesso a registos escritos <strong>de</strong> textos que<br />

saiba <strong>de</strong> cor, ou seja, com o coração, para que possa “compreen<strong>de</strong>r este objecto<br />

misterioso: a escrita”. (Rogovas-Chauveau, 1989: 89). Assim, <strong>do</strong> interesse pela palavra<br />

dita e <strong>do</strong> seu <strong>do</strong>mínio po<strong>de</strong>rá surgir a curiosida<strong>de</strong> pela palavra escrita, se o convívio<br />

com o livro for introduzi<strong>do</strong> precoc<strong>em</strong>ente, e s<strong>em</strong> ansieda<strong>de</strong>, permitin<strong>do</strong> o longo percurso<br />

<strong>de</strong> observação <strong>do</strong>s sinais impressos, s<strong>em</strong> os quais será penosa a aprendizag<strong>em</strong> da<br />

técnica <strong>de</strong> <strong>de</strong>cifração <strong>do</strong>s graf<strong>em</strong>as e muito difícil a criação <strong>de</strong> hábitos leitores.<br />

Emília Ferreiro e Ana Teberosky, nos seus estu<strong>do</strong>s sobre psicogénese da<br />

linguag<strong>em</strong> escrita, permit<strong>em</strong>-nos saber que a criança t<strong>em</strong> um papel activo na<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> código escrito, elaboran<strong>do</strong> conceitos e colocan<strong>do</strong> hipóteses acerca das<br />

palavras que vê escritas. Ao estudar<strong>em</strong> a evolução das concepções das crianças, as<br />

duas investiga<strong>do</strong>ras verificaram a existência <strong>de</strong> etapas ou estádios pelos quais todas<br />

passam e que foram distribuí<strong>do</strong>s por quatro níveis: pré-silábico, silábico, silábicoalfabético<br />

e alfabético (Ferreiro e Teberosky, 1991; Teberosky, 2002)<br />

Nos estu<strong>do</strong>s evolutivos sobre a <strong>leitura</strong>, verificou-se que a criança que ainda<br />

não <strong>do</strong>mina as convenções da escrita levanta hipóteses sobre o senti<strong>do</strong> das palavras<br />

que vê escritas. Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1987) <strong>de</strong>scobriram que o trabalho<br />

feito pelas crianças se po<strong>de</strong> equiparar ao trabalho minucioso <strong>de</strong> um investiga<strong>do</strong>r,<br />

necessitan<strong>do</strong> da presença <strong>de</strong> artefactos culturais escritos, no meio ambiente <strong>em</strong> que<br />

cresc<strong>em</strong>.<br />

O recurso exclusivo a usos escolares da linguag<strong>em</strong> escrita é responsável pelo<br />

<strong>de</strong>clínio <strong>do</strong> gosto e <strong>do</strong>s hábitos <strong>de</strong> <strong>leitura</strong>. As escolas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> encorajar as<br />

crianças a ler na sala <strong>de</strong> aula e <strong>em</strong> casa, pelo simples prazer, <strong>em</strong>prestan<strong>do</strong> obras<br />

capazes <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r aos interesses das diversas faixas etárias e competências<br />

linguísticas e <strong>de</strong> <strong>leitura</strong>.<br />

O recurso monolítico a manuais escolares parece associa<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>sinteresse<br />

da criança pela <strong>leitura</strong>. Esta causa <strong>de</strong> fracos índices <strong>de</strong> <strong>leitura</strong>, assinalada entre nós<br />

(Lopes & Antunes, 2000), e também <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>s estrangeiros, diz respeito aos usos da<br />

<strong>leitura</strong> limitadamente escolares (Salga<strong>do</strong>, 2002) que dificultam a apreensão das<br />

funções da escrita e levam ao “<strong>de</strong>sprazer” <strong>de</strong> ler. Exclusivamente associada ao esforço<br />

e obrigações escolares, verifica-se uma tendência para o <strong>de</strong>clínio <strong>do</strong> seu uso, mal<br />

<strong>de</strong>saparec<strong>em</strong> estas pressões. As conclusões <strong>do</strong> PISA 2000 são claras a respeito da<br />

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