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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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imag<strong>em</strong> (livros <strong>de</strong> “narrativa inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte”). Foram, portanto, excluí<strong>do</strong>s os livros didácticos<br />

e escolares e os livros <strong>de</strong> imagens.<br />

Integram este trabalho ex<strong>em</strong>plos publica<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> 1950 cujos autor e ilustra<strong>do</strong>r são<br />

portugueses. A nossa escolha pren<strong>de</strong>-se com uma alteração <strong>de</strong> cenário para a actuação <strong>de</strong>ste<br />

tipo <strong>de</strong> produções para a infância. A partir da década <strong>de</strong> 50 regista-se a coexistência <strong>de</strong><br />

diferentes mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> livros para crianças. Por um la<strong>do</strong>, o país vive, neste perío<strong>do</strong>, lutas<br />

sociais e políticas pela liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática e pela melhoria das condições <strong>de</strong> vida, por outro<br />

la<strong>do</strong>, assiste-se ao enraizamento das produções estrangeiras - as BD’s americanas -, que,<br />

pela duvi<strong>do</strong>sa tradução brasileira e pelo carácter violento e medíocre <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>ssas<br />

criações, originam movimentos <strong>de</strong> contestação por parte <strong>do</strong>s pais e <strong>do</strong>s educa<strong>do</strong>res.<br />

O fim da II Guerra Mundial mata consigo o mito da criança e impossibilita a sua<br />

representação num ambiente imacula<strong>do</strong>, sereno e feliz. Acresce ainda o facto <strong>de</strong>stas<br />

transformações sociais originar<strong>em</strong> novos esqu<strong>em</strong>as pedagógicos.<br />

É também nesta década que a Fundação Calouste Gulbenkian leva a cabo um gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> promoção <strong>do</strong> livro e da <strong>leitura</strong>, fazen<strong>do</strong> chegar junto das crianças<br />

bibliotecas ambulantes e promoven<strong>do</strong> o seu contacto com autores <strong>do</strong>s livros.<br />

Assim, acreditamos que, apesar <strong>de</strong> Portugal da década <strong>de</strong> 50 viver <strong>de</strong> baixo <strong>do</strong> regime<br />

político <strong>de</strong> Salazar, algumas agitações sociais e culturais surg<strong>em</strong> para combater o espírito<br />

moralista, tacanho e passadista por ele instituí<strong>do</strong>. Subtilmente, ilustra<strong>do</strong>res como Maria Keil<br />

colocam no merca<strong>do</strong> obras que afastam as produções para a infância das “normas” impostas<br />

pelas i<strong>de</strong>ologias salazaristas e assum<strong>em</strong> novas formas (mais conscienciosas e informadas).<br />

Por conseguinte, esta área conhece alguma vivacida<strong>de</strong> e vê surgir novos autores no<br />

panorama nacional e que interessam a este estu<strong>do</strong>.<br />

O nome <strong>de</strong> Maria Keil surge como rosto da referida mudança, pensan<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma<br />

pioneira não só na ilustração, mas também nas relações gráficas e pictóricas que esta<br />

estabelece com o texto verbal. Responsabilizan<strong>do</strong>-se, <strong>de</strong>sta forma, quer pela ilustração, quer<br />

pelo arranjo gráfico <strong>do</strong>s livros que assina para a infância. Assim, cria <strong>em</strong> 1953 “Histórias da<br />

minha rua” (fig.1), o seu primeiro livro com ilustrações exclusivamente sentidas e pensadas<br />

para crianças. Neste livro, Maria Keil ensaia diferentes propostas <strong>de</strong> colocação <strong>de</strong> texto na<br />

página <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a tirar maior parti<strong>do</strong> da relação formal e/ou <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> entre texto e imag<strong>em</strong>.<br />

Esta atitu<strong>de</strong> garante, discretamente, pelo pioneirismo, a sua presença no contexto <strong>do</strong><br />

mo<strong>de</strong>rnismo português.<br />

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