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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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<strong>de</strong> apresentação, que correu impresso sobre ANA, é um claríssimo <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong> reflexão<br />

teórica, e mostra como Lopes Vieira estava perfeitamente consciente das inovações que<br />

este texto trazia e que o <strong>de</strong>veriam situar como inaugural11 . Nesta mesma área, é<br />

interessante registar que <strong>do</strong>s mais <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s poetas nossos cont<strong>em</strong>porâneos, como<br />

Sophia Andresen, Vitorino N<strong>em</strong>ésio ou Ruy Cinatti, cresceram a ouvir (e a <strong>de</strong>corar) os textos<br />

<strong>de</strong> Lopes Vieira para a infância12. Em 1946, logo a seguir à morte <strong>do</strong> escritor, Rogério<br />

Martins escrevia um artigo jornalístico intitula<strong>do</strong> "A Afonso Lopes Vieira … das crianças<br />

portuguesas", on<strong>de</strong> resumia, num laudatório post mort<strong>em</strong>, a dádiva intelectual <strong>de</strong> toda uma<br />

geração, educada nos princípios <strong>do</strong>s ANA:<br />

E nunca me esquecerei — e quantos jovens não há que me acompanham? — que foi<br />

ele o escritor que primeiro nos falou, através da poesia, das Verda<strong>de</strong>s eternas e basilares da<br />

nossa formação e <strong>de</strong> nossa cultura — Deus, Família, Pátria, Nacionalismo, Santida<strong>de</strong>,<br />

Heroísmo; o que primeiro nos pôs <strong>em</strong> contacto com as virtu<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Bom Povo Português, o<br />

que primeiro nos soube incutir o amor pelas coisas belas e a bonda<strong>de</strong> para com os 'animais<br />

nossos amigos… (Martins, 1946: 4)<br />

11 Aí po<strong>de</strong> ler-se: Este livro sae inteiramente <strong>do</strong>s mol<strong>de</strong>s habituaes das publicações portuguesas para crianças,<br />

e po<strong>de</strong>mos afirmar s<strong>em</strong> receio que elle abre, como livro <strong>de</strong> arte para a infancia, um caminho novo <strong>em</strong> Portugal.<br />

As suas paginas encerram lições <strong>de</strong> bom gosto. As poesias, <strong>de</strong> facil assimilação, interessam os pequenos<br />

leitores, sugerin<strong>do</strong>-lhes noções <strong>em</strong> ritmos varia<strong>do</strong>s. As ilustrações, alegres e <strong>de</strong>corativas, completam lindamente<br />

a <strong>leitura</strong>. Cr<strong>em</strong>os que o publico saberá correspon<strong>de</strong>r a esta sincera tentativa, para o brilho da qual autores e<br />

editores, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista produzir uma obra nacional, se não pouparam a esforços e sacrificios, porque ella inicia<br />

entre nós um <strong>do</strong>s mais bellos e carinhosos ramos da literatura artistica mo<strong>de</strong>rna. Existe um ex<strong>em</strong>plar <strong>de</strong>sta folha<br />

<strong>de</strong> apresentação no espólio da BML [BML, A2, n.º 32096].<br />

12 Em carta datada <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1928, D. Thomaz <strong>de</strong> Mello Breyner conta a ALV a paixão com que a<br />

sua neta, Sophia, <strong>de</strong>corara os versos <strong>de</strong> BM: […] Hont<strong>em</strong> à noite a minha neta Sophia Andresen disse o<br />

Bartolomeu Marinheiro s<strong>em</strong> lhe faltar uma palavra. Quan<strong>do</strong> ella fôr a Lisboa ha<strong>de</strong> ouvil-a. […] [BML, Cartas […],<br />

vol. IX]. Em carta datada <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1923, Vitorino N<strong>em</strong>ésio refere-se às recordações que lhe<br />

ficaram da <strong>leitura</strong> <strong>do</strong>s ANA: […] O ANA é uma das imaginarias que ficaram mais vivas e gratas na minha<br />

m<strong>em</strong>ória, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>em</strong> criança fizeram as minhas <strong>de</strong>lícias; e concor<strong>do</strong> plenamente com o Dr. Joaquim <strong>de</strong><br />

Carvalho quan<strong>do</strong> diz, que não é fácil encontrar nas literaturas da Europa um livro com a rara beleza dêsse <strong>de</strong> V.<br />

Ex.ª. […][BML, Cartas […], vol. VII]. Treze anos <strong>de</strong>pois, <strong>em</strong> 30 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1936, N<strong>em</strong>ésio refere-se às <strong>leitura</strong>s<br />

que o seu filho Jorge, então com 7 anos, fez <strong>do</strong>s livros infantis <strong>de</strong> ALV, e junta uma carta com um pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste:<br />

[…] o rapazinho leu os seus livros infantis e falou disso. A mãi respon<strong>de</strong>u-lhe que se lhe apeteciam mais coisas<br />

no género e pela mesma pessoa, não tinha mais <strong>do</strong> que escrever o que veio a escrever ao autor, — por simples<br />

<strong>de</strong>sabafo, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente. Desculpe a cedilha <strong>de</strong> "Afonço" ao rapaz […]. Seguia-se um autógrafo <strong>do</strong> petiz: S. D.<br />

Afonço Lópes Vieira: / Eu já li O Barto Lomeu Marinheiro e li também os Animais Nossos Amigos mas ainda<br />

gostei mais <strong>do</strong> Barto Lomeu Marinheiro. Mas também gostei muito <strong>do</strong>s Animais Nossos Amigos. Porque é que<br />

não fás mais para os meninos e tamb<strong>em</strong> para mim. / Jorge Monjardino Gomes N<strong>em</strong>ésio. [BML, Cartas […], vol.<br />

XIV]. No vol. Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Poesia, <strong>de</strong> 1941, Ruy Cinatti escrevia na <strong>de</strong>dicatória: Ao Senhor <strong>do</strong>utor ALV, /<br />

louvan<strong>do</strong> no Bartolomeu Mari-/ /nheiro, e nos Animais nossos /Amigos, o Poeta que primeiro / me ensinou a<br />

amar a Poesia, / com a grata admiração <strong>de</strong> / Ruy Cinatti / Abril 1941 / Saba<strong>do</strong> <strong>de</strong> Aleluia [BML, B-E-1-4-6447].<br />

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