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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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O livro “O que vestimos?”, ilustra<strong>do</strong> por Rui Truta <strong>em</strong> 1999 (Fig.15), é um ex<strong>em</strong>plo<br />

curioso, uma vez que ele simula um formato irregular. Isto é, a ilustração apresenta uma<br />

cercadura branca que <strong>de</strong>limita o espaço da acção. Esta cercadura simula, aparent<strong>em</strong>ente,<br />

uma máscara rectangular, cuja linearida<strong>de</strong> é interrompida quer pela invasão <strong>de</strong>sse espaço<br />

pelo pé <strong>do</strong> rapaz (na página <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito), quer pela sapatilha da página oposta. Também<br />

no topo da cercadura <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito algo interrompe a geometria da cercadura, que parece ter<br />

si<strong>do</strong> rasgada, faltan<strong>do</strong>-lhe agora um boca<strong>do</strong>. Trata-se <strong>de</strong> um trompe l’oeil, que não só sugere<br />

um formato irregular, como também é utiliza<strong>do</strong> como recurso plástico para a colocação <strong>do</strong><br />

personag<strong>em</strong> no cenário e para <strong>de</strong>stacar as peças <strong>do</strong> vestuário.<br />

Fig.15 - O que vestimos<br />

Ilustra<strong>do</strong>r: Rui Truta; Autor: Isabel Barbosa. Desabrochar: 1999.<br />

A relação entre o formato <strong>do</strong> livro e o espaço <strong>de</strong> acção é baseada na pr<strong>em</strong>issa <strong>de</strong> que o<br />

formato horizontal possibilita maior <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> espaço da acção e que o espaço vertical<br />

<strong>de</strong>ve ser ocupa<strong>do</strong> pela figura humana.<br />

Nos livros <strong>em</strong> que existe uma relação <strong>de</strong> maior altura <strong>do</strong> que largura, o ilustra<strong>do</strong>r t<strong>em</strong><br />

menos hipóteses para <strong>de</strong>screver o ambiente, originan<strong>do</strong> uma maior concentração <strong>do</strong> leitor na<br />

personag<strong>em</strong>.<br />

Soares Rocha apresenta-nos, <strong>em</strong> “Joaninha à janela e outras histórias” (1980, Fig.16),<br />

um halterofilista que exibe <strong>em</strong> primeiro plano os seus músculos e, lá a trás, num plano mais<br />

distante um hom<strong>em</strong> chama a atenção <strong>do</strong> leitor para essa personag<strong>em</strong>. O ambiente <strong>de</strong> circo énos<br />

da<strong>do</strong> não só pelas indumentárias que ambos vest<strong>em</strong>, o artista e o apresenta<strong>do</strong>r como por<br />

um pequeno apontamento <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>limitação circular <strong>do</strong> chão, sugerin<strong>do</strong> a arena da<br />

actuação.<br />

O ilustra<strong>do</strong>r aproveitou a verticalida<strong>de</strong> da folha para <strong>de</strong>screver visualmente as<br />

personagens e, apesar da falta <strong>de</strong> espaço, conseguiu contextualizá-los. A acção passa-se no<br />

circo.<br />

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