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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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s<strong>em</strong>iótico cuja dimensão mítico-simbólica é <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. As imagens,<br />

valiosíssimas para a <strong>leitura</strong> a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong> Imaginário, permit<strong>em</strong>-nos ace<strong>de</strong>r ao t<strong>em</strong>a <strong>do</strong><br />

herói 5<br />

e, por conseguinte, à sua aventura, assegurada pelas t<strong>em</strong>áticas ligadas ao<br />

chamamento <strong>do</strong> herói, à sua iniciação, ao objecto da sua <strong>de</strong>manda e ao seu regresso<br />

vitorioso.<br />

A breve nota recensea<strong>do</strong>ra da trilogia, à mistura com a própria análise das três<br />

obras, afigura-se necessária na medida <strong>em</strong> que, por um la<strong>do</strong>, os tomos abrang<strong>em</strong> um<br />

número <strong>de</strong> páginas consi<strong>de</strong>rável e, por outro, não nos é possível tratar, numa comunicação,<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o sist<strong>em</strong>a mítico-símbólico existente no composto literário escolhi<strong>do</strong>.<br />

Abordamos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, o primeiro livro, intitula<strong>do</strong> A cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>uses selvagens,<br />

(Allen<strong>de</strong>, 2002) on<strong>de</strong> as personagens Alexan<strong>de</strong>r Cold (<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma família<br />

californiana), a sua avó (a célebre jornalista Kate Cold, resi<strong>de</strong>nte <strong>em</strong> Nova Iorque) e Nadia<br />

Santos (oriunda da pequena al<strong>de</strong>ia “Santa María <strong>de</strong> la Lluvia”, s<strong>em</strong>eada <strong>em</strong> “pleno território<br />

indígena”, limítrofe entre o Brasil e a Venezuela (Allen<strong>de</strong>, 2002:46-53)), se <strong>em</strong>brenham<br />

numa complicada expedição <strong>em</strong> plena selva Amazónia.<br />

Nesta primeira narrativa, a viag<strong>em</strong> <strong>do</strong> herói, reconhecida nas <strong>de</strong>ambulações <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

a<strong>do</strong>lescentes (Alex e Nadia), toma forma e é já, no início <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> capítulo, que<br />

Alexan<strong>de</strong>r, com apenas onze anos, se vê perdi<strong>do</strong> <strong>em</strong> Nova Iorque a braços com uma<br />

situação <strong>de</strong> perigo da qual se t<strong>em</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senrascar sozinho. Já no coração da selva tu<strong>do</strong> se<br />

vai complican<strong>do</strong> para o jov<strong>em</strong> rapaz e este, s<strong>em</strong>pre posto à prova pelo carácter rígi<strong>do</strong> e<br />

excêntrico <strong>de</strong> Kate, pelos perigos a vencer, b<strong>em</strong> como pelas crenças e relatos místicos <strong>de</strong><br />

Nádia (<strong>em</strong> aprendizag<strong>em</strong> também), t<strong>em</strong> por única solução a assimilação rápida <strong>do</strong>s<br />

acontecimentos para que o seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, enquanto sujeito <strong>em</strong> iniciação, seja o mais<br />

correcto.<br />

Ao longo da sua permanência <strong>em</strong> “Tapirawa-teri”, on<strong>de</strong> vive o “povo da neblina”, Alex<br />

t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ultrapassar várias etapas <strong>do</strong> seu percurso i<strong>de</strong>ntitário. Tanto ele como Nádia foram<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os únicos seres com uma “alma branca” (Allen<strong>de</strong>, 2002:70) e, por isso, só a<br />

eles é da<strong>do</strong> o direito <strong>de</strong> lá entrar. De salientar que esta pequena al<strong>de</strong>ia, cujo território ainda<br />

é virg<strong>em</strong> para o resto da humanida<strong>de</strong>, é apelidada <strong>de</strong> “O Olho <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>”: “Diante <strong>de</strong>les<br />

apareceu o Olho <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>signação que o povo da neblina dava ao seu país”<br />

(2002:144), logo aparenta<strong>do</strong> à imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> “Centro Cósmico” <strong>de</strong> Elia<strong>de</strong> (2001).<br />

Tapirawa-teri, surgida <strong>do</strong> nada face aos olhos das duas personagens (sujeitos <strong>em</strong><br />

iniciação), efectiva a i<strong>de</strong>ia da osmose que aqui se po<strong>de</strong> associar à imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> paraíso<br />

5 O mito <strong>do</strong> herói ou o monomito (Campbell, 2004: 223-229), encontra-se perpetua<strong>do</strong> na literatura através da<br />

dinâmica da mitocrítica s<strong>em</strong>pre que a personag<strong>em</strong> principal (individual ou colectiva) é afastada <strong>do</strong> seu ambiente<br />

habitual e <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>, leva<strong>do</strong> por um <strong>de</strong>safio maior, uma viag<strong>em</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma aventura <strong>de</strong> carácter físico,<br />

psicológico ou ambos, no cumprimento da sua missão (2004: 223-229).<br />

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