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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Com um percurso relativamente breve quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com outras formas da<br />

expressão literária, a escrita para crianças t<strong>em</strong> afirma<strong>do</strong> a sua existência <strong>de</strong> uma forma<br />

inegável. E isso t<strong>em</strong> aconteci<strong>do</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da aca<strong>de</strong>mia, ou seja, aquela afirmação<br />

acontece pelo constante crescimento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> obras que preench<strong>em</strong> as prateleiras das<br />

livrarias. Certamente, por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>ste fenómeno estarão razões pouco relacionadas com a<br />

«finalida<strong>de</strong> s<strong>em</strong> fim» da arte. Mas, também apesar <strong>de</strong>las, esta realida<strong>de</strong> impõe a evidência<br />

<strong>do</strong> surgimento <strong>de</strong> uma zona <strong>de</strong> expansão da arte literária que pressupõe novos leitores e<br />

formas alternativas <strong>de</strong> expressão. Essa é porventura a razão que explica o contributo <strong>de</strong><br />

muitos escritores consagra<strong>do</strong>s para o enriquecimento da literatura preferencialmente dirigida<br />

aos mais novos, sen<strong>do</strong> que a especificida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s leitores t<strong>em</strong> também, por outro la<strong>do</strong>, e <strong>de</strong><br />

forma menos feliz, constituí<strong>do</strong> uma espécie <strong>de</strong> rampa <strong>de</strong> lançamento para aqueles que<br />

procuram iniciar uma carreira literária.<br />

O mesmo raciocínio po<strong>de</strong>rá abranger os estu<strong>do</strong>s académicos que sobre estes textos se<br />

<strong>de</strong>bruçam: foi aberto um novo campo <strong>de</strong> reflexão que atraiu muitos estudiosos pelas<br />

possibilida<strong>de</strong>s oferecidas, numa área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s que acusava já sinais <strong>de</strong> esgotamento,<br />

quer pela perda <strong>de</strong> prestígio das ciências humanas <strong>em</strong> face das ciências exactas, quer pela<br />

ausência <strong>de</strong> novas perspectivas teóricas que, <strong>de</strong>svanecida a euforia das gran<strong>de</strong>s correntes<br />

<strong>de</strong> inovação da primeira meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XX na área da linguística e <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s literários,<br />

abriss<strong>em</strong> caminho a uma renovada visão <strong>do</strong> fenómeno literário.<br />

Passada a fase combativa <strong>de</strong> afirmação e <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> estatuto <strong>de</strong> uma escrita artística<br />

aparent<strong>em</strong>ente limitada pela especificida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s seus leitores – e não se preten<strong>de</strong> afirmar<br />

que todas as questões teóricas relacionadas com a natureza <strong>de</strong>ste fenómeno estejam<br />

<strong>de</strong>finitivamente encerradas ou sequer satisfatoriamente resolvidas –, aquilo que po<strong>de</strong>ríamos<br />

consi<strong>de</strong>rar o esforço <strong>de</strong> reconhecimento e autonomização <strong>de</strong>veria agora dar lugar a uma<br />

fase <strong>de</strong> enquadramento no sist<strong>em</strong>a, mesmo que guardan<strong>do</strong> o traço <strong>de</strong> marginalida<strong>de</strong> que<br />

acompanhou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início a existência da literatura infantil e juvenil.<br />

Como parte fundamental da própria afirmação da produção literária para crianças e<br />

jovens, há agora que fomentar um exercício da crítica consciente <strong>do</strong> seu papel orienta<strong>do</strong>r da<br />

<strong>leitura</strong> e da criação literária; há que valorizar, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> rigor e <strong>de</strong> uma coerente<br />

integração teórica, os percursos passa<strong>do</strong>s e futuros das obras para crianças e jovens,<br />

reclaman<strong>do</strong> para elas um lugar no sist<strong>em</strong>a literário. E isso implica o esforço <strong>de</strong> in<strong>de</strong>xação da<br />

produção literária para os mais novos, conjuntamente com a tentativa <strong>de</strong> estabelecer um<br />

cânone e recolher el<strong>em</strong>entos para a constituição <strong>de</strong> uma história literária, passos<br />

importantes para a própria afirmação <strong>de</strong> qualquer literatura.<br />

A estrutura <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> que toma como objecto a arte literária po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>scrita por um<br />

esqu<strong>em</strong>a <strong>em</strong> pirâmi<strong>de</strong>, cuja base seria preenchida pelas obras concretas e o vértice<br />

superior equivaleria ao nível <strong>de</strong> maior abstracção, o da teoria. Entre os <strong>do</strong>is, situar-se-iam os<br />

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