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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Foram estas vanguardas que <strong>de</strong>rrubaram a i<strong>de</strong>ia secular <strong>de</strong> que a imag<strong>em</strong> figurativa<br />

estaria associada ao seu aspecto mimético 7<br />

.<br />

Neste estu<strong>do</strong>, não nos interessa a oposição ou a disputa entre imag<strong>em</strong> e palavra,<br />

interessa-nos a narrativa verbo-visual <strong>do</strong> livro infantil que é uma construção espaço-t<strong>em</strong>poral.<br />

Assumir<strong>em</strong>os o código verbal e o código visual como duas formas distintas <strong>de</strong> representação<br />

que po<strong>de</strong>m ser aplica<strong>do</strong>s simultaneamente, uma vez que promov<strong>em</strong> um mo<strong>do</strong> compl<strong>em</strong>entar<br />

<strong>de</strong> comunicação.<br />

A condição <strong>de</strong> existência da ilustração, s<strong>em</strong>pre inter-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> palavras ou i<strong>de</strong>ias,<br />

permite-nos a<strong>do</strong>ptar diferentes perspectivas e fazer diferentes <strong>leitura</strong>s sobre a relação das<br />

palavras e das imagens nas obras por nós analisadas. Procuramos, neste trabalho, uma<br />

estrutura e uma terminologia capazes <strong>de</strong> reunir todas as especificida<strong>de</strong>s da referida relação,<br />

que nos permita construir tipologias facilita<strong>do</strong>ras da sua análise.<br />

Utilizamos a terminologia proposta por Barbara Jane Necyk na sua tese <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong><br />

“Texto e Imag<strong>em</strong>: um olhar sobre o livro infantil cont<strong>em</strong>porâneo” (2007). Consi<strong>de</strong>ramos que,<br />

consoante o tipo <strong>de</strong> relação que a imag<strong>em</strong> estabelece com o texto, a narrativa que produz<br />

po<strong>de</strong> ser “paralela”, quan<strong>do</strong> a história é narrada <strong>em</strong> simultâneo pela imag<strong>em</strong> e pelo texto<br />

(implican<strong>do</strong> a compreensão da narrativa <strong>em</strong> duplica<strong>do</strong>), ou po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong><br />

“narrativa inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte”, se existir uma interacção entre texto e imag<strong>em</strong> que amplifique<br />

mutuamente o significa<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>is meios <strong>de</strong> comunicação 8<br />

. Quan<strong>do</strong> o livro não apresenta<br />

texto escrito será <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> “livro <strong>de</strong> imag<strong>em</strong>”. Esta categoria não será objecto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>staque <strong>do</strong> nosso estu<strong>do</strong>, mas interessa-nos tecer algumas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />

enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que forma se propõe activar a referida relação entre texto e imag<strong>em</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

melhor compreen<strong>de</strong>rmos algumas situações exploradas <strong>em</strong> livros <strong>de</strong> “narrativa<br />

inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte”.<br />

Não esqueçamos que o caminho percorri<strong>do</strong> pela ilustração para, na actualida<strong>de</strong>,<br />

conseguir igualar o seu estatuto ao <strong>do</strong> texto e até mesmo assumir a função <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> da<br />

narrativa, foi muito longo e difícil. De facto, a literatura para a infância teve orig<strong>em</strong> na tradição<br />

oral e <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o processo da sua transição para o suporte livro, a ilustração foi a última a<br />

conquistar um espaço.<br />

Actualmente já não se questiona o estatuto da ilustração, mas antes, estruturam-se<br />

formas <strong>de</strong> relação entre o texto verbal e o texto visual.<br />

Por conseguinte, o corpus selecciona<strong>do</strong> para esta comunicação consi<strong>de</strong>rou os livros <strong>de</strong><br />

texto ficcional, narrativas <strong>de</strong>stinadas à infância, e que verificam a co-existência <strong>de</strong> texto e <strong>de</strong><br />

7 O espaço figurativo renascentistas instituiu a forma naturalista como a verda<strong>de</strong>ira forma <strong>de</strong> representar. Mas, por<br />

se tratar <strong>de</strong> uma representação convencional, quer na sua produção, quer na sua recepção, ela é apenas uma<br />

forma possível <strong>de</strong> representação a que não po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os atribuir uma aura <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>.<br />

8 As narrativas inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes são <strong>de</strong> certa forma teatrais. As ilustrações apresentam ambientes cenográficos<br />

que apresentam o espaço da acção e personagens que através das suas vestes, atitu<strong>de</strong>s e expressões dão<br />

informações preciosas ao leitor.<br />

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