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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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2. O que é um livro ilustra<strong>do</strong>?<br />

Um livro ilustra<strong>do</strong> “could not be read over the radio and be un<strong>de</strong>rstood fully. In a picture book<br />

the pictures extend, clarify, compl<strong>em</strong>ent, or take the place of words. Both the words and the<br />

pictures are “read”.” (Schulevitz, 1985:15)<br />

Grey (2006), um jov<strong>em</strong> ilustra<strong>do</strong>ra Britânica, <strong>de</strong>screve livros ilustra<strong>do</strong>s assim: “<strong>em</strong> livros<br />

ilustra<strong>do</strong>s, palavras e <strong>de</strong>senhos são uma dupla fantástica, cada um fazen<strong>do</strong> um trabalho diferente,<br />

até contan<strong>do</strong> uma narrativa diferente – mas precisamos <strong>de</strong> ambos para fazer a história na sua<br />

totalida<strong>de</strong>. E até as pessoas mais novas são peritas a ler <strong>de</strong>senhos. Por isso <strong>em</strong> <strong>de</strong>senhos<br />

po<strong>de</strong>mos dizer coisas muito complexas, coisas que precisariam <strong>de</strong> muitas palavras para ser<strong>em</strong><br />

explicadas.”<br />

O melhor <strong>do</strong>s livros ilustra<strong>do</strong>s é que eles normalmente não avariam. Não precisam <strong>de</strong><br />

electricida<strong>de</strong> para funcionar, n<strong>em</strong> precisam <strong>de</strong> software especial. Po<strong>de</strong>m ser leva<strong>do</strong>s para<br />

qualquer la<strong>do</strong>. Se avariar<strong>em</strong>, quase s<strong>em</strong>pre po<strong>de</strong>m ser arranja<strong>do</strong>s com fita cola. E não faz<strong>em</strong> o<br />

trabalho to<strong>do</strong> – eles precisam <strong>de</strong> um ingrediente extra, um ingrediente anima<strong>do</strong> adicional que o<br />

leitor traz quan<strong>do</strong> lê o livro.”<br />

Grey <strong>de</strong>staca três aspectos importantes <strong>do</strong>s livros ilustra<strong>do</strong>s: ii) <strong>do</strong>is códigos, o visual e o<br />

verbal; ii) este códigos cumpr<strong>em</strong> diferentes funções; iii) é preciso um leitor para dar senti<strong>do</strong> à<br />

narrativa.<br />

2.1 Os <strong>do</strong>is códigos e as suas relações interactivas.<br />

Numerosas terminologias exist<strong>em</strong> quanto à relação palavra-imag<strong>em</strong>. Descrevo apenas <strong>do</strong>is<br />

tipos: a narração <strong>em</strong> paralelo (parallel storytelling) e a narração inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<br />

storytelling) (Agosto 1999: 267). Segun<strong>do</strong> Agosto, “na maioria das livros ilustra<strong>do</strong>s, a narrativa é<br />

contada duas vezes, uma pelo texto e outra pelas ilustrações. O leitor po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r usan<strong>do</strong><br />

um ou o outro”. Trata-se <strong>de</strong> uma <strong>leitura</strong> linear, a narração <strong>em</strong> paralelo. A narração<br />

inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte implica uma interacção mais complicada: um subconjunto <strong>de</strong> livros ilustra<strong>do</strong>s,<br />

que obriga o leitor a seguir uma <strong>leitura</strong> não linear, utilizan<strong>do</strong> tanto as imagens como as palavras<br />

para criar significa<strong>do</strong> e chegar a um senti<strong>do</strong> final. “Cada código, verbal e visual, mostra só uma<br />

parte da narrativa, crian<strong>do</strong> um dinamismo que muitas vezes preenche as lacunas <strong>do</strong> outro. Estas<br />

narrativas contêm códigos que não po<strong>de</strong>m existir n<strong>em</strong> sobreviv<strong>em</strong> um s<strong>em</strong> o outro”. (Agosto, op<br />

cit).<br />

Lewis (2001:97) argumenta que os livros ilustra<strong>do</strong>s são objectos flexíveis, a relação entre<br />

palavra e imag<strong>em</strong> está constant<strong>em</strong>ente a ser manipulada para criar efeitos diferentes <strong>em</strong> vários<br />

pontos da narrativa, por isso é impossível classificá-los. Ele acentua que há uma diferença entre<br />

contar e mostrar. “O acto <strong>de</strong> contar influencia aquilo que retiramos <strong>do</strong> que nos é mostra<strong>do</strong>, e o<br />

acto <strong>de</strong> mostrar ajuda-nos interpretar e compreen<strong>de</strong>r aquilo que nos é conta<strong>do</strong>.” No entanto, não<br />

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