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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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diferente à mensag<strong>em</strong> da imag<strong>em</strong> e por isso permitir o estabelecimento <strong>de</strong> relações<br />

conceptuais menos esperadas e a criação <strong>de</strong> novos conhecimentos.<br />

A produção artística também reflecte aquilo que é observa<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> Paivio (1971),<br />

o registo da informação na m<strong>em</strong>ória é realiza<strong>do</strong> através <strong>de</strong> um código dual constituí<strong>do</strong> por<br />

palavras e/ou imagens, <strong>em</strong>bora para Kosslyn (1990) <strong>do</strong>is terços <strong>de</strong>ssas imagens sejam<br />

visuais. Estas imagens são abrangentes e funcionam como um esqu<strong>em</strong>a assimila<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

percepções, acções e i<strong>de</strong>ias variadas (Gruber, 1981) que possibilitam a formação <strong>de</strong><br />

imagens mentais que não estão realmente acessíveis aos senti<strong>do</strong>s e que permit<strong>em</strong> criar<br />

novas i<strong>de</strong>ias com base na combinação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias anteriormente não relacionadas, ou seja, a<br />

base daquilo a que Cornelius e Casler (1991) <strong>de</strong>signam <strong>de</strong> imaginação, especifican<strong>do</strong> que<br />

esta possui o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> formar. Este processo é comum a to<strong>do</strong>s seres humanos que,<br />

segun<strong>do</strong> Damásio (1999), viv<strong>em</strong> <strong>de</strong> imagens cuja produção <strong>do</strong> interior para o exterior,<br />

conscientes ou não conscientes, nunca pára. Esta dinâmica está presente nas pessoas com<br />

<strong>de</strong>ficiência mental <strong>de</strong> uma forma possivelmente mais activa e não sujeita a obstáculos na<br />

relacionação imaginativa <strong>de</strong> conceitos e i<strong>de</strong>ias, possibilitan<strong>do</strong> quer a originalida<strong>de</strong>, quer a<br />

flexibilida<strong>de</strong> criativa da observação da realida<strong>de</strong> e subsequente processo <strong>de</strong> ilustração.<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po, a visualização interna <strong>de</strong> imagens oferece alternativa à linguag<strong>em</strong> e<br />

aos mo<strong>do</strong>s tradicionais <strong>de</strong> pensamento na medida <strong>em</strong> que as imagens produz<strong>em</strong> uma maior<br />

vivacida<strong>de</strong> <strong>em</strong>ocional (Shepard, 1978). A sua riqueza e relação com fontes externas po<strong>de</strong><br />

sugerir múltiplas relações conceptuais, a utilização <strong>de</strong> categorias abrangentes, a<br />

manipulação mais intuitiva, a construção <strong>de</strong> novas estruturas e, mesmo, a produção <strong>de</strong><br />

alterações no conhecimento, características das pessoas criativas (Tardiff & Sternberg,<br />

1988). Mais uma vez, estes el<strong>em</strong>entos parec<strong>em</strong> estar presentes nos autores das ilustrações<br />

inicialmente <strong>de</strong>scritas, <strong>em</strong> particular <strong>em</strong> termos da expressivida<strong>de</strong> <strong>em</strong>ocional patente nas<br />

suas obras.<br />

Por seu turno, a ilustração produz impacto na comunida<strong>de</strong>. A sua <strong>leitura</strong> implica<br />

compreensão, b<strong>em</strong> como a visualização <strong>de</strong> diferentes perspectivas e conceitos,<br />

conducentes à atribuição <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> ou, preferencialmente, <strong>do</strong>s múltiplos senti<strong>do</strong>s da<br />

imag<strong>em</strong> e <strong>do</strong> texto e ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> estético e eventualmente ético <strong>do</strong><br />

observa<strong>do</strong>r leitor. As repercussões das <strong>leitura</strong>s alternativas <strong>de</strong> uma ilustração e <strong>do</strong><br />

enriquecimento <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r são dificilmente mensuráveis. No entanto, sab<strong>em</strong>os que<br />

obras produzidas por porta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> rótulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência mental são tão ou mais apreciadas<br />

<strong>do</strong> que obras criadas por artistas famosos. Especialistas <strong>em</strong> arte, humanida<strong>de</strong>s, economia e<br />

psicologia atribuíram a obras <strong>de</strong> artistas rotula<strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>,<br />

originalida<strong>de</strong>, sensibilida<strong>de</strong>, expressivida<strong>de</strong>, complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento e senti<strong>do</strong> estético<br />

(Bahia & Moreno, 2007), reforçan<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que as ilustrações produzidas por artistas<br />

como estes po<strong>de</strong>m ter um profun<strong>do</strong> impacto sobre os seus frui<strong>do</strong>res.<br />

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