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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Já reconheci<strong>do</strong>s <strong>em</strong> O Reino <strong>do</strong> Dragão <strong>de</strong> Ouro como “Alexan<strong>de</strong>r-jaguar” e “Nadia-<br />

águia” (Allen<strong>de</strong>, 2003:270), os <strong>do</strong>is jovens institu<strong>em</strong>, nesta última narrativa, os seus<br />

verda<strong>de</strong>iros nomes mítico-simbólicos e tratam-se espontaneamente por Águia e Jaguar: “– É<br />

horrível, Jaguar, t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> fazer alguma coisa (…) – É um risco inútil, Águia (…) – Não<br />

exist<strong>em</strong> monstros <strong>de</strong> três cabeças, Águia (…) – Kate não vai gostar nada disto, Jaguar. –<br />

Calça as botas, Águia (…)” (Allen<strong>de</strong>, 2004:113-115).<br />

Compreen<strong>de</strong>r-se-á, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, que a mensag<strong>em</strong> mais importante a ler se encontra na<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong>s seus próprios “<strong>de</strong>senvolvimento[s] epifânico[s]” (Durand, 1982: 206) e que esta se<br />

pren<strong>de</strong> com a maturida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s actos <strong>de</strong> cada uma das personagens, sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Alex. Ao<br />

chamar<strong>em</strong> à sua presença a força <strong>do</strong> seu animal totémico, e facilmente corporizar<strong>em</strong> a sua<br />

forma, ambos os jovens mostram ser agora capazes <strong>de</strong> (re)incorporar a i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> “illud<br />

t<strong>em</strong>pus primordial” (Elia<strong>de</strong>, 2001:141) e recriar uma <strong>do</strong>minante constante na configuração<br />

das noções da liberda<strong>de</strong>, da <strong>de</strong>fesa, da partilha e <strong>do</strong> amor pelo próximo. Notória é, s<strong>em</strong><br />

dúvida, nestas três narrativas, a busca infindável e cíclica <strong>do</strong> paraíso perdi<strong>do</strong> e da inocência<br />

primordial, on<strong>de</strong> o Hom<strong>em</strong> e a Natureza eram puros por excelência.<br />

Compete-nos ainda dizer que, nestes espaços <strong>de</strong> centro e <strong>de</strong> crescimento para as<br />

personagens iniciáticas <strong>em</strong> <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> B<strong>em</strong> (diferentes nas três obras), os momentos <strong>de</strong><br />

união entre o mun<strong>do</strong> da ilusão e o esta<strong>do</strong> da consciência revelaram-se <strong>de</strong> suma importância<br />

para a evolução <strong>do</strong>s heróis. Estas personagens sentiram, numa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> íntima<br />

complexida<strong>de</strong> e aceitação (s<strong>em</strong> querer<strong>em</strong> apropriar-se da essência mágica <strong>do</strong> espaço que<br />

as serviu), a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>do</strong>ptar um esta<strong>do</strong> cont<strong>em</strong>plativo <strong>de</strong> serenida<strong>de</strong> e respeito. Só<br />

assim pu<strong>de</strong>ram OUVIR, SENTIR e VER com o coração e, posteriormente, <strong>de</strong>finir outros<br />

senti<strong>do</strong>s, participan<strong>do</strong> conscient<strong>em</strong>ente no acto supr<strong>em</strong>o da sua entrega mítica (aqui,<br />

totémica) para a reposição da or<strong>de</strong>m.<br />

Enquanto seres participante <strong>de</strong> uma “Imago Mundi” (Elia<strong>de</strong>, 2001:30) (circunscrita à<br />

dimensão <strong>do</strong>s espaços <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong> transformação), Nadia e Alex s<strong>em</strong>pre<br />

acreditaram num t<strong>em</strong>po passa<strong>do</strong>, presente e futuro (longe <strong>do</strong> Mal) e viveram uma felicida<strong>de</strong><br />

perfeita (pela experiência <strong>do</strong> novo). Ambos participaram <strong>de</strong>sse “T<strong>em</strong>po das Origens” (Elia<strong>de</strong>,<br />

2001:73) e foram capazes <strong>de</strong>, pela busca <strong>de</strong> um retorno vitorioso e benéfico para to<strong>do</strong>s,<br />

fazer renascer os senti<strong>do</strong>s arquetipais que se pren<strong>de</strong>m com o início <strong>do</strong>s t<strong>em</strong>pos.<br />

3. Saber ler e ousar agir: trabalhos entre mãos<br />

Para além da partilha <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong>m retirar variadíssimas lições <strong>de</strong> vida,<br />

pren<strong>de</strong>-se a estas aventuras a constatação da sobrevalorização da cultura oci<strong>de</strong>ntal <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>trimento das ditas terceiro-mundistas. Depreen<strong>de</strong>mos que a autora, através <strong>do</strong>s<br />

ensinamentos <strong>de</strong> Kate, procura incutir nos mais jovens o respeito pelo que é diferente,<br />

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