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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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3. Linhas <strong>de</strong> força para a fi<strong>de</strong>lização à <strong>leitura</strong><br />

Das 46 conclusões <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, 13, ou seja, 28%, diz<strong>em</strong> respeito ao lugar e<br />

estratégias da educação literária na aprendizag<strong>em</strong> e fi<strong>de</strong>lização à <strong>leitura</strong>. Nos estu<strong>do</strong>s e<br />

práticas referencia<strong>do</strong>s pre<strong>do</strong>mina o uso da literatura, a partir <strong>do</strong> berço:<br />

As fórmulas ancestrais (canções <strong>de</strong> <strong>em</strong>balar, rimas, lengalengas…) usadas<br />

pelas mulheres - mães, avós, amas… - para ensinar<strong>em</strong> as crianças a falar são<br />

fundamentais na primeira educação <strong>de</strong> uma criança, constituin<strong>do</strong> as bases <strong>de</strong><br />

uma educação literária.<br />

A<strong>do</strong>lfo Coelho l<strong>em</strong>brava-nos, há um século, que "os contos e rimas infantis<br />

parec<strong>em</strong> ser como o leite materno, que nenhuma preparação, por mais adiantada que<br />

esteja a ciência, po<strong>de</strong>rá igualar" (Coelho,1883: 65). Sabe-se hoje quanto estas criações<br />

literárias, genericamente <strong>de</strong>signadas por esse autor como “pedagogia das amas”, são<br />

a<strong>de</strong>quadas ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> pensamento e linguag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s bebés. Na<br />

apresentação da reedição da obra, um século <strong>de</strong>pois, Rolo (1994:7) procura explicitar a<br />

fórmula e as razões da eficácia <strong>de</strong>stas “criações inconscientes da humanida<strong>de</strong>”, como<br />

são referidas por A<strong>do</strong>lfo Coelho (1883: 94), como <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> <strong>de</strong> que mo<strong>do</strong> os jogos<br />

e rimas infantis se a<strong>de</strong>quam e favorec<strong>em</strong> a evolução, nos primeiros anos <strong>de</strong> vida (id) 1<br />

1 A autora acrescenta: Num relance, apontamos os contributos <strong>de</strong> alguns investiga<strong>do</strong>res que nos<br />

ajudam a reflectir sobre o lugar que as rimas tradicionais po<strong>de</strong>m ocupar no <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

linguag<strong>em</strong> e da inteligência da criança.<br />

De Wallon, v<strong>em</strong>-nos a concepção <strong>de</strong> uma fase verbal, entre os três e os seis anos, <strong>em</strong> que a<br />

criança faz jogos <strong>de</strong> palavras e <strong>de</strong>senvolve a linguag<strong>em</strong> num senti<strong>do</strong> puramente lúdico. Não é<br />

preciso que a criança compreenda uma rima para se comprazer nela. Como afirma A<strong>do</strong>lfo Coelho,<br />

na obra agora reeditada, «t<strong>em</strong> um gran<strong>de</strong> senti<strong>do</strong> o facto das rimas infantis ter<strong>em</strong>, consi<strong>de</strong>radas <strong>em</strong><br />

si, muito pouco senti<strong>do</strong>». (Coelho,1883: 97)<br />

De Vigostsky, herdámos a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a m<strong>em</strong>ória é a função cognitiva central na infância. Para as<br />

crianças, pensar significa l<strong>em</strong>brar. Ora, a composição das rimas infantis facilita a sua retenção e<br />

favorece a resistência à erosão <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po. Também os movimentos, íntima e ritmicamente<br />

associa<strong>do</strong>s às palavras, reforçam a m<strong>em</strong>orização. Permit<strong>em</strong>, além disso, antecipar procedimentos<br />

liga<strong>do</strong>s à escrita pois, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o mesmo autor, «os gestos são a escrita no ar.»<br />

Entre nós, João <strong>do</strong>s Santos retoma a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Wallon, seu mestre, e salienta, nos Ensaios sobre<br />

Educação (1982), a importância da interacção <strong>do</strong> adulto no <strong>de</strong>senvolvimento da linguag<strong>em</strong>, na<br />

primeira infância. E linguag<strong>em</strong> é, para este autor, «enquadramento afectivo», que engloba «atitu<strong>de</strong>,<br />

expressão, mímica, gesto, palavra e relação». Na sua óptica, coexist<strong>em</strong> nas «gracinhas»<br />

tradicionalmente ensinadas por mães, avós e amas às crianças que sentavam ao colo, a distância e<br />

o espaço necessários à comunicação e a proximida<strong>de</strong> <strong>do</strong> contacto corporal que dá a segurança<br />

afectiva indispensável para enten<strong>de</strong>r os outros e fazer-se enten<strong>de</strong>r. «Os movimentos <strong>de</strong> simpatia <strong>do</strong><br />

adulto para o bebé, levam-no a reagir pela expressão corporal <strong>do</strong>s interlocutores. A criança torna-se<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> afecto <strong>do</strong>s seus educa<strong>do</strong>res para compreen<strong>de</strong>r e ser compreendida. Esboça-se<br />

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