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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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contraria. No entanto, se nos <strong>de</strong>tivermos nos materiais com presença forte na sala <strong>de</strong><br />

aula, ter<strong>em</strong>os <strong>de</strong> nos interrogar, <strong>de</strong> questionar o que po<strong>de</strong>rá alguém compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

manchas gráficas com textos reduzi<strong>do</strong>s, retira<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta ou daquela obra para servir<br />

fins previamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s e formata<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o que o media<strong>do</strong>r adulto ali<br />

preten<strong>de</strong> veicular. Esta questão conduz a outras: a presença <strong>do</strong> livro, as práticas <strong>de</strong><br />

<strong>leitura</strong>, a vez e a voz da literatura, o lugar da obra integral na escola, <strong>em</strong> geral, e na<br />

sala <strong>de</strong> aula, <strong>em</strong> particular.<br />

Os livros estão na escola. De um mo<strong>do</strong> geral, a biblioteca alberga-os, mas é na<br />

sala <strong>de</strong> aula que a <strong>leitura</strong> literária precisa <strong>de</strong> encontrar o seu lugar, como espaço <strong>de</strong><br />

fruição, <strong>de</strong> prazer, <strong>de</strong> interrogação assumida como <strong>leitura</strong> com especificida<strong>de</strong>s muito<br />

próprias:<br />

“A <strong>leitura</strong> literária <strong>de</strong>ve receber um tratamento específico na escola porque,<br />

diferent<strong>em</strong>ente das <strong>de</strong>mais <strong>leitura</strong>s, <strong>de</strong>stina-se a apreciar o ato <strong>de</strong> expressão <strong>do</strong> autor,<br />

a <strong>de</strong>senvolver o imaginário pessoal a partir <strong>de</strong>ssa apreciação e a permitir o reencontro<br />

da pessoa consigo mesma <strong>em</strong> sua interpretação.“ (Colomer & Camps, 2002: 93)<br />

Po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os caracterizar a <strong>leitura</strong> literária como aquela que é simultaneamente<br />

um meio e um fim. Esta não é necessariamente a <strong>leitura</strong> que se faz para adquirir<br />

conhecimentos <strong>de</strong>sta ou daquela ín<strong>do</strong>le, para seguir ou cumprir instruções, ela é,<br />

sobretu<strong>do</strong> uma <strong>leitura</strong> <strong>de</strong> fruição. É <strong>de</strong>sta <strong>leitura</strong> que nascerão leitores, já que saber ler<br />

não significa, necessariamente, tornar-se leitor, ou seja, ser leitor por gosto e com<br />

entusiasmo. Tornar-se leitor é um processo individual constitutivo da cultura <strong>de</strong> cada<br />

um, e que contribui para o <strong>de</strong>senvolvimento da sua personalida<strong>de</strong> (Gromer & Weiss,<br />

1990: 23).<br />

Para que esse processo ocorra, será necessário investir <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong><br />

convívio efectivo com o livro, com a obra literária, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a propiciar situações reais<br />

<strong>de</strong> <strong>leitura</strong>, próximas <strong>do</strong> que acontece no quotidiano social <strong>de</strong> qualquer leitor, ou seja,<br />

fazer <strong>do</strong> momento <strong>de</strong> <strong>leitura</strong> um espaço para a escolha individual, para estabelecer<br />

uma relação pessoal e livre entre o texto e o leitor. Se as práticas se situam<br />

sist<strong>em</strong>aticamente ao nível da dissecação, da análise, <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s, <strong>do</strong><br />

comentário minucioso, da resposta a questionários repetitivos e lineares, po<strong>de</strong>rá ficar<br />

comprometida a apropriação da <strong>leitura</strong> literária. Em contexto escolar, assistimos<br />

frequent<strong>em</strong>ente a práticas que cab<strong>em</strong> neste retrato:<br />

“(…) o <strong>do</strong>cente substitui a <strong>leitura</strong> como prática significante por exercícios centra<strong>do</strong>s no<br />

reconhecimento <strong>de</strong> informações, impedin<strong>do</strong>, assim, que os alunos particip<strong>em</strong> da<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> real que o po<strong>de</strong>r imagético <strong>do</strong> texto <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia e <strong>do</strong> prazer da<br />

exploração <strong>do</strong>s recursos da linguag<strong>em</strong> que to<strong>do</strong> o texto estético mobiliza” (Saraiva &<br />

Mügge, 2006: 27)<br />

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