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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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A estampa <strong>de</strong> Pinóquio na charge revela a ativida<strong>de</strong> (re)cria<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> chargista CAO<br />

após exercer primeiramente o seu papel <strong>de</strong> leitor/cont<strong>em</strong>pla<strong>do</strong>r <strong>do</strong> contexto político<br />

brasileiro. Seu trabalho (re)cria<strong>do</strong>r confirma o papel da arte, conforme abaixo:<br />

[...] a arte rompe com o compromisso da “representação” da realida<strong>de</strong> e assume<br />

outras funções, como a <strong>de</strong> questionar valores sociais e, até mesmo, o próprio senti<strong>do</strong> da<br />

arte. [...] o conhecimento conti<strong>do</strong> nas estruturas tecidas por el<strong>em</strong>entos estéticos permite<br />

análises, <strong>leitura</strong>s; todavia, nada substituirá a própria imag<strong>em</strong> da arte (Oliveira, 2006, p. 211).<br />

As situações cotidianas apresentam uma oferta múltipla e crescente <strong>de</strong> imagens a<br />

ser<strong>em</strong> <strong>de</strong>codificadas, porém numa velocida<strong>de</strong> crescente, ocasionan<strong>do</strong> com isso uma<br />

superficialida<strong>de</strong> na <strong>leitura</strong> das mesmas. Faz-se necessário (re)educar o olhar, o<br />

pensamento, enfim, torná-lo mais sensível, atento, ultrapassan<strong>do</strong> aquilo que se mostra<br />

óbvio, pronto, impedin<strong>do</strong> que o leitor <strong>de</strong> imagens elabore um rol <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos constitutivos<br />

da imag<strong>em</strong> a ser lida (Oliveira, 2006).<br />

A alfabetização da linguag<strong>em</strong> verbal pressupõe procedimentos que vis<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s objetivos e, para a <strong>leitura</strong> <strong>do</strong> visual, da imag<strong>em</strong>, também há que se <strong>de</strong>finir<br />

passos para atingir tais objetivos. Conforme Oliveira (2007, p. 42), “é na escola que se<br />

<strong>de</strong>veria apren<strong>de</strong>r a fazer a <strong>leitura</strong> <strong>de</strong> códigos imagéticos, s<strong>em</strong> a qual não se t<strong>em</strong> acesso ao<br />

conjunto <strong>do</strong> patrimônio estético”. O leitor da imag<strong>em</strong> segue <strong>em</strong> direção a novos<br />

conhecimentos fazen<strong>do</strong>-se valer <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s atribuí<strong>do</strong>s ao objeto imagético, acrescentan<strong>do</strong><br />

significações outras, <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong>-se das partes para o to<strong>do</strong> e <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong> texto estético<br />

para os el<strong>em</strong>entos que o compõ<strong>em</strong>. Portanto, “há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar<br />

minuciosamente a imag<strong>em</strong>, resgatan<strong>do</strong> pontos relevantes para, a partir <strong>de</strong>les, recriar,<br />

traduzin<strong>do</strong> a teia <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos e procedimentos significantes” (Oliveira, 2006, p. 217).<br />

O texto verbal e o texto imagético da charge citada são ambos linguag<strong>em</strong>, conjunto <strong>de</strong><br />

signos que se apresentam como media<strong>do</strong>res <strong>do</strong> psiquismo humano. Afirma Bakhtin (1992)<br />

que:<br />

“A consciência adquire forma e existência nos signos cria<strong>do</strong>s por um grupo<br />

organiza<strong>do</strong> no curso das suas relações sociais. Os signos são o alimento da consciência<br />

individual, a matéria <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento, e ela reflete sua lógica e suas leis. A lógica da<br />

consciência é a lógica da comunicação i<strong>de</strong>ológica, da interação s<strong>em</strong>iótica <strong>de</strong> um grupo<br />

social. Se privarmos a consciência <strong>de</strong> seu conteú<strong>do</strong> s<strong>em</strong>iótico e i<strong>de</strong>ológico, não sobra nada.<br />

Fora <strong>de</strong>sse material há apenas o simples ato fisiológico, esclareci<strong>do</strong> pela consciência,<br />

<strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong> <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> que os signos lhe confer<strong>em</strong>” (pp. 35-36).<br />

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