de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

competentes, as crianças criaram um significado, usando a linguagem que já conheciam e a
linguagem que aprenderam com ambos os códigos do livro ilustrado.
5. Reflexões finais
Apesar de este estudo se poder considerar exploratório, os resultados desta pequena
investigação-acção dão-nos muito em que pensar. Tendo em conta o tipo de linguagem que
emergiu dos dois livros ilustrados, parece que um livro ilustrado com uma narração
interdependente traz um contexto mais rico para a aprendizagem de uma língua e do seu uso.
Tendo em conta a interacção triádica criança – livro – professor, existem óbvias implicações para
o modo como as crianças podem construir significado em conjunto, com a ajuda da professora e
dos seus colegas.
Este estudo realça a necessidade de dar mais atenção ao modo como abordamos o uso de
livros ilustrados na aula de LE. Em primeiro lugar, no que diz respeito aos tipos de livros ilustrados
que nós escolhemos. De momento, parece que os professores escolhem livros com a narração
em paralelo, providenciando um eventual ambiente mais seguro de aprendizagem, em detrimento
de uma aprendizagem mais rica. Em segundo lugar, em relação ao modo como usamos esses
livros ilustrados para extrair o significado através da discussão em volta das ilustrações, as
gravações mostram que, tanto as crianças como a professora, usam a LM e a LE para conseguir
um consenso sobre o significado. Isto leva-nos a pensar que precisamos de compreender melhor
como as duas línguas podem apoiar esse processo de conseguir um significado. Por fim, em
relação ao número de vezes que relemos os livros ilustrados a um grupo de crianças, o grupo de
“Good night Gorilla” precisou de cinco sessões para criar um significado para uma página dupla
desdobrável.
Cohen e colaboradores (2000) consideram investigação-acção como um inquérito
disciplinado em que os professores se esforçam por compreender, melhorar e reformular a
prática. Destina-se a ultrapassar a ponte entre a pesquisa e a prática, tornando o acto do ensino
mais reflectivo. Eu sou essencialmente uma praticante/profissional, e uso livros ilustrados na sala
de aula do ensino pré-escolar há cerca de duas décadas, mas desde que me tenho dedicado de
uma forma mais reflectiva ao modo como este tipo de literatura para crianças pode melhorar a
experiência de aprendizagem dos meus alunos, comecei a atravessar essa ponte. Espero que
durante os próximos três anos do meu Projecto de Investigação de Doutoramento, possa melhorar
e reformular a minha prática.
316