de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

Luísa Ducla Soares: a escrita lúdica para a infância
“As crianças serão os agentes da renovação. Se
crescerem, acreditando na solidariedade, no
diálogo da paz, provavelmente ao atingirem a
idade adulta, lutarão por eles com a voz da razão”.
(Soares, 2004:8).
Maria Luísa Bliebernicht Ducla Soares Sottomayor Cardia, conhecida
publicamente como Luísa Ducla Soares, é autora de uma das mais consistentes obras
de literatura para a infância, evidenciando a sua escrita uma grande beleza formal e
despojamento de palavras e de frases.
A obra da autora é multifacetada. Em termos modais, abarca o texto poético e,
maioritariamente, o texto narrativo, que vai da novela ao pequeno conto; este também
varia em prosa ou em verso. Esta diversidade modal e também genológica que a sua
escrita reflecte possibilita o contacto dos pequenos leitores com diferentes tipologias
literárias, condição indispensável para a aquisição de competências textuais.
Para transmitir o seu ideário e o apresentar aos mais novos da melhor forma,
Luísa Ducla Soares contempla uma grande diversidade de temáticas na sua escrita,
das quais destacamos:
- o convívio harmonioso entre diferentes raças;
- a cidade em oposição à Natureza, associada ao consumismo, à construção ou
à solidão;
- problemas políticos, cívicos, ou éticos;
- ou, simplesmente, histórias de animais, mais ou menos complexas.
Na presente reflexão, porém, centrar-nos-emos somente no carácter lúdico da
sua escrita. Esta característica é muito influenciada pelas principais fontes de
inspiração da autora: por um lado, uma imaginação delirante e, por outro, a literatura
popular portuguesa, também ela marcada por inúmeras situações insólitas e
humorísticas. 1
Luísa Ducla Soares confere grande importância ao mundo em que vive: ao
salientar a necessidade da igualdade entre os seres e o respeito pela diferença, ao
1 “Adoro a aventura de imaginar (…) Escrevo por necessidade, por vício, por premência, desde
a juventude (…) A escrita funciona também como evasão, como a forma mais eficaz de saltar
dos meus problemas para o mundo da imaginação (…) Interessei-me pela literatura popular;
pela sua inalterável frescura, pela simplicidade, graça e irreverência que a caracterizam.”
(Soares, 2006)
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