20.04.2013 Views

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Expressão simbólica artística<br />

Des<strong>de</strong> os primórdios <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que a expressão simbólica, incluin<strong>do</strong> a<br />

plástica, constitui um mo<strong>do</strong> espontâneo <strong>de</strong> exteriorização da personalida<strong>de</strong> e das<br />

experiências inter-pessoais, b<strong>em</strong> como uma forma <strong>de</strong> satisfação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos conscientes ou<br />

inconscientes e <strong>de</strong> adaptação ao mun<strong>do</strong> material e social e à realida<strong>de</strong> social e individual<br />

(Piaget, 1954). O <strong>de</strong>senho e a ilustração funcionam como ensaios <strong>de</strong> integração entre aquilo<br />

que o seu produtor sente e pensa. Neste senti<strong>do</strong>, a produção <strong>do</strong>s artistas acima<br />

menciona<strong>do</strong>s integra num to<strong>do</strong> a sua intensida<strong>de</strong> <strong>em</strong>ocional e a sua forma <strong>de</strong> pensamento<br />

peculiar, revelan<strong>do</strong> exuberância e originalida<strong>de</strong> pouco frequentes.<br />

A par da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão gráfica, a sensibilida<strong>de</strong> estética segue um percurso<br />

natural <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que se inicia pela preferência por <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> objecto artístico e<br />

culmina na plena autonomia <strong>em</strong> termos da sua interpretação subjectiva (Parsons, 1987). No<br />

caso das obras <strong>do</strong>s ilustra<strong>do</strong>res com <strong>de</strong>ficiência mental, tanto a preferência por formas e<br />

cores, como também as inúmeras interpretações subjectivas s<strong>em</strong> aparente objectivida<strong>de</strong><br />

são recorrentes nas suas obras.<br />

Para Piaget (1954), a expressão simbólica que surge no estádio pré-operatório é<br />

criada <strong>de</strong> forma individualizada com base <strong>em</strong> objectos representativos e imagens mentais e<br />

possibilita a realização <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sejos, a compensação <strong>do</strong> real, a satisfação das necessida<strong>de</strong>s<br />

subjectivas e a expansão <strong>do</strong> "eu”. Tais realida<strong>de</strong>s individuais são muitas vezes inadaptadas<br />

e inexprimíveis apenas pelos instrumentos colectivos <strong>de</strong> comunicação e requer<strong>em</strong> uma<br />

forma particular <strong>de</strong> expressão simbólica e artística. Muitos autores (e.g. Pacheco & Valencia,<br />

1997) consi<strong>de</strong>ram que uma das características da <strong>de</strong>ficiência mental é um funcionamento<br />

cognitivo ao nível <strong>do</strong> estádio pré-operatório. Este estádio caracteriza-se pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

representação interna <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> externo através <strong>de</strong> símbolos e pela intuição <strong>em</strong> que as<br />

associações livres, as fantasias e os significa<strong>do</strong>s únicos ilógicos como a crença animista<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham um papel fundamental. Consequent<strong>em</strong>ente, é natural que a espontaneida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> expressão simbólica esteja mais <strong>de</strong>senvolvida nas pessoas com este tipo <strong>de</strong><br />

características <strong>do</strong> que nos seus pares, resultan<strong>do</strong>, no caso particular da ilustração, <strong>em</strong><br />

produções pouco concretas e realistas, não convencionais e revela<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> uma fantasia<br />

ilimitada facilita<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> inovação. A par <strong>de</strong>sta, outra característica <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> ilustração<br />

<strong>de</strong>scrito pren<strong>de</strong>-se com a originalida<strong>de</strong> das soluções encontradas, possivelmente por uma<br />

menor incidência <strong>de</strong> obstáculos à espontaneida<strong>de</strong> da expressão artística, o que r<strong>em</strong>ete para<br />

uma questão interessante que consiste <strong>em</strong> reflectir até que ponto a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />

é espelhada nas ilustrações <strong>de</strong>stes artistas.<br />

532

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!