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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Em relação ao primeiro processo, fomos verificar se os seus resulta<strong>do</strong>s são sensíveis ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s sujeitos, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> cronológica. Verificámos que que há uma<br />

progressão crescente <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s ao longo da ida<strong>de</strong> até aos 12 anos, altura <strong>em</strong> que estes<br />

diminu<strong>em</strong>. Este <strong>de</strong>créscimo po<strong>de</strong>rá ter a ver com duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> factores: i) <strong>em</strong> primeiro lugar, o<br />

número <strong>de</strong> sujeitos diminui drasticamente a partir <strong>do</strong>s 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, o que nos leva a<br />

condicionar a análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s acima <strong>de</strong>sta ida<strong>de</strong>; ii) <strong>em</strong> segun<strong>do</strong> lugar, convém referir que<br />

,ten<strong>do</strong> a amostra si<strong>do</strong> recolhida até ao 6º ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, a presença <strong>de</strong> alunos com 12 anos<br />

ou mais é indica<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> retenções. Em relação à precisão, verificámos que, com a ida<strong>de</strong>, a<br />

criança consegue ler cada vez mais palavras correctamente, <strong>em</strong>bora com uma progressão menos<br />

acentuada. Este é também um da<strong>do</strong> previsto, pois espera-se que, a partir <strong>do</strong> 3.º ano <strong>de</strong><br />

escolarida<strong>de</strong> (8-9 anos), a criança consiga ler quase s<strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong>s qualquer palavra que lhe<br />

surja. L<strong>em</strong>bramos que, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as teorias <strong>de</strong>senvolvimentistas, nessa ida<strong>de</strong> a criança <strong>de</strong>ve<br />

ter já alguma mestria nos processos ortográficos (Marsh, 1980; Frith, 1985; Ehri, 2002; D<strong>em</strong>ont &<br />

Gombert, 2004). Assim, po<strong>de</strong>mos verificar que, à medida que o processo normal <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento da criança <strong>de</strong>corre, ela vai melhoran<strong>do</strong> o seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho na fluência da <strong>leitura</strong><br />

e também na precisão.<br />

Para o estu<strong>do</strong> com grupos contrastantes, recorreu-se ao grupo <strong>de</strong> 19 crianças com<br />

diagnóstico <strong>de</strong> dislexia que faziam parte da amostra inicial. Procurámos encontrar na amostra<br />

sujeitos s<strong>em</strong> dislexia que se aproximass<strong>em</strong> o mais possível através da meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong>s “pares<br />

idênticos”. Não foi possível encontrar uma i<strong>de</strong>ntificação total <strong>em</strong> alguns casos mas, no global,<br />

conseguimos constituir um grupo muito idêntico.<br />

Em ambas as formas, a diferença <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhos é substancial: os resulta<strong>do</strong>s da fluência<br />

são cerca <strong>de</strong> 30% inferiores no caso <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> crianças com dislexia, e também na precisão se<br />

verificam resulta<strong>do</strong>s médios bastante inferiores. Para analisar a significância <strong>de</strong>sta diferença foi<br />

utiliza<strong>do</strong> o teste não paramétrico <strong>de</strong> Wilcoxon-Mann-Whitney para amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. O que<br />

se po<strong>de</strong> verificar através <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s nestas estatísticas é que as diferenças entre os<br />

<strong>do</strong>is grupos são estatisticamente significativas ao nível <strong>de</strong> significância 0,01 nos <strong>do</strong>is índices <strong>de</strong><br />

ambas as formas.Confirmamos <strong>de</strong>sta forma que o teste é sensível às características das crianças<br />

com dislexia e s<strong>em</strong> dislexia, traduzin<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> valores significativamente diferentes. Po<strong>de</strong>mos<br />

concluir que o teste é um instrumento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para avaliar a <strong>leitura</strong> e permite discriminar<br />

crianças disléxicas e não disléxicas, nomeadamente no que concerne à fluência e à precisão, <strong>do</strong>is<br />

indica<strong>do</strong>res nucleares para o diagnóstico da dislexia. É também possível concluir que os<br />

resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com a sua aplicação irão traduzir-se <strong>em</strong> da<strong>do</strong>s úteis e váli<strong>do</strong>s para a prática da<br />

avaliação da <strong>leitura</strong>.<br />

Estes indica<strong>do</strong>res - sensibilida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento e às diferenças <strong>de</strong> grupos<br />

contrastantes - reforçam a valida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste teste <strong>de</strong> <strong>leitura</strong> no que toca<br />

especificamente àquilo que ele preten<strong>de</strong>: medir os <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhos na fluência e precisão da <strong>leitura</strong><br />

<strong>de</strong> sujeitos diferentes e <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s diversas.<br />

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