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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Uma <strong>leitura</strong> horizontal <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às diferentes categorias testadas no<br />

<strong>do</strong>mínio sintáctico-s<strong>em</strong>ântico, permite-nos verificar que os itens relativamente aos quais se<br />

verificou haver maior dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento são bastantes dispersos, no total <strong>do</strong>s 42<br />

itens testa<strong>do</strong>s, pelo que se torna inviável i<strong>de</strong>ntificar categorias mais probl<strong>em</strong>áticas para cada<br />

um <strong>do</strong>s informantes ou grupo <strong>de</strong> informantes.<br />

Ainda assim, foi possível i<strong>de</strong>ntificar 2 itens que reuniram um maior número <strong>de</strong><br />

respostas erradas: trata-se justamente <strong>de</strong> itens que estão associa<strong>do</strong>s a tarefas <strong>de</strong><br />

processamento mais probl<strong>em</strong>áticas, envolven<strong>do</strong> frases complexas ou mais <strong>do</strong> que uma<br />

frase. Um <strong>do</strong>s itens é relativo ao processamento <strong>de</strong> frases complexas com valor t<strong>em</strong>poral (O<br />

pai e a mãe foram ver televisão mal arrumaram a mesa), mediante o qual se procurou testar<br />

o processamento <strong>de</strong> sequências <strong>de</strong> orações com valor t<strong>em</strong>poral <strong>em</strong> frases complexas.<br />

Neste it<strong>em</strong>, a dificulda<strong>de</strong> sentida pelos informantes pren<strong>de</strong>u-se com a interpretação<br />

atribuída à conjunção mal, cujo valor t<strong>em</strong>poral não é reconheci<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> aqui processada<br />

como uma forma adverbial, na acepção <strong>de</strong> “arrumar mal a mesa”. A discriminação <strong>do</strong>s<br />

diferentes valores que o mesmo it<strong>em</strong> vocabular po<strong>de</strong> assumir quan<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> ora a uma<br />

ora a outra <strong>de</strong>stas classes <strong>de</strong> palavras constitui claramente um nível <strong>de</strong> conhecimento<br />

superior, <strong>em</strong> função <strong>do</strong> carácter ambíguo da palavra.<br />

Outro <strong>do</strong>s itens que suscitou maiores dificulda<strong>de</strong>s correspon<strong>de</strong> ao processamento <strong>de</strong><br />

referência nominal entre frases, procuran<strong>do</strong> testar-se aqui a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar,<br />

noutra frase, o antece<strong>de</strong>nte correcto para um pronome pessoal, <strong>em</strong> A menina <strong>em</strong>purrou a<br />

porta. Ela era gran<strong>de</strong>. A dificulda<strong>de</strong> que os falantes manifestam na i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong><br />

antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> um marca<strong>do</strong>r anafórico é já conhecida 6 , po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> esta variar entre associar<br />

o pronome pessoal ela quer ao SN a porta, quer ao SN a menina. À constatação da<br />

diversida<strong>de</strong> e da importância das funções <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhadas pelas expressões anafóricas na<br />

interpretação <strong>de</strong> um texto, acresce assim o facto <strong>de</strong> o sist<strong>em</strong>a anafórico discursivo estar<br />

entre as capacida<strong>de</strong>s linguísticas com <strong>de</strong>senvolvimento mais tardio 7<br />

, pelo que não é <strong>de</strong><br />

estranhar que, nestas ida<strong>de</strong>s, estan<strong>do</strong> ainda a competência anafórica <strong>em</strong> fase <strong>de</strong> aquisição,<br />

seja ainda probl<strong>em</strong>ático o seu processamento para falantes <strong>de</strong> Português como língua<br />

segunda.<br />

6<br />

Cf. Oakhill & Garnham, 1988, cita<strong>do</strong> <strong>em</strong> Pereira, I. (2004).<br />

7<br />

Cf. Lyons (1975).<br />

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