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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Miguel, um menino feliz, numa família feliz, encanta-se diante <strong>do</strong>s peixes <strong>do</strong> seu<br />

aquário, que muito inveja, porque não têm <strong>de</strong> ir à escola: “Eram peixes, a profissão<br />

<strong>de</strong>les era exactamente essa, ser<strong>em</strong> peixes. (...)<br />

Estava, porém, a chegar a hora <strong>de</strong> o Miguel apren<strong>de</strong>r uma <strong>de</strong>ssas lições que a<br />

vida, mais tar<strong>de</strong> ou mais ce<strong>do</strong>, nos oferece a to<strong>do</strong>s. Talvez, no caso <strong>de</strong>le, pu<strong>de</strong>sse ter<br />

<strong>de</strong>mora<strong>do</strong> mais t<strong>em</strong>po. Mas aconteceu <strong>de</strong>pressa, não muito t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> a<br />

Catarina ter passa<strong>do</strong> a morar no aquário <strong>do</strong> Baltazar.”.<br />

Um dia, ao regressar da escola, Miguel encontrou mortos, a boiar na água, os<br />

peixes <strong>do</strong> seu aquário. “E o menino n<strong>em</strong> sabia muito b<strong>em</strong> o que era a morte.<br />

Apren<strong>de</strong>u-o nessa tar<strong>de</strong> e, ao sabê-lo, ficou muito triste, como se também nele alguma<br />

coisa se tivesse quebra<strong>do</strong>.<br />

Não era a primeira vez que o Miguel estava triste, mas o dia da morte <strong>do</strong><br />

Baltazar e da Catarina foi talvez o primeiro <strong>em</strong> que ele percebeu o que é a verda<strong>de</strong>ira<br />

tristeza, essa que se sente quan<strong>do</strong> se per<strong>de</strong> um amigo, quan<strong>do</strong> se per<strong>de</strong> alguma coisa<br />

realmente importante.” (s/p).<br />

Mas o texto traz a esperança e a alegria ao coração <strong>de</strong> Miguel: ele vê uma<br />

promessa <strong>de</strong> novos peixes, pois “Havia boian<strong>do</strong> na água umas bolhinhas que lhe<br />

pareceram ser os tais ovos <strong>de</strong> que a mãe lhe tinha fala<strong>do</strong>...” (s/p). É uma forma <strong>de</strong><br />

apresentar, com <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za, a Morte às crianças e um livro indispensável para to<strong>do</strong>s<br />

os que nos inquietamos com a Educação.<br />

“O Vea<strong>do</strong> Flori<strong>do</strong>”, um texto <strong>de</strong> António Torra<strong>do</strong>, acentua uma crítica aos<br />

comportamentos humanos que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre respeitam o universo e as suas leis.<br />

Um hom<strong>em</strong> rico t<strong>em</strong> como ‘ocupação’ mandar aprisionar animais <strong>de</strong> rara beleza<br />

que, <strong>em</strong> gaiolas <strong>do</strong>uradas, são admira<strong>do</strong>s pelos seus amigos – homens ociosos.<br />

Os animais, priva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, sofr<strong>em</strong> e morr<strong>em</strong>. Acabam por morrer to<strong>do</strong>s,<br />

excepto o vea<strong>do</strong>, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> características especiais. Este vea<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> foi<br />

aprisiona<strong>do</strong>, apresentava as hastes floridas; ao aproximar-se <strong>do</strong> cativeiro, flores e<br />

folhas caíram e não voltaram a florir até ter si<strong>do</strong> posto <strong>em</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />

Esta é uma forma diferente <strong>de</strong> apresentar o t<strong>em</strong>a da Morte, não como um<br />

acontecimento natural, mas da responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Hom<strong>em</strong>.<br />

“O Sapo e o Canto <strong>do</strong> Melro”, <strong>de</strong> Max Velthuijs, é um texto <strong>de</strong>lica<strong>do</strong> e<br />

harmonioso na forma como a Morte é apresentada: os animais brincam felizes, como<br />

acontece com os mais pequenos e, <strong>de</strong> súbito, são com ela confronta<strong>do</strong>s. Assumida<br />

essa realida<strong>de</strong> – a Lebre, a Pata, o Porquinho e o Sapo - venc<strong>em</strong> a Tristeza e a<br />

comoção, como é <strong>de</strong>sejável que aconteça na vida, e voltam a brincar e a rir.<br />

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