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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Foram, então, cria<strong>do</strong>s posters e publicações que confun<strong>de</strong>m propositadamente a<br />

clássica distinção entre texto e ilustração, utilizan<strong>do</strong> estratégias visuais subtis para uma <strong>leitura</strong><br />

ambígua <strong>do</strong>s traços impressos. Segun<strong>do</strong> Lupton e Miller (1996, pp. 7-9), foram incentiva<strong>do</strong>s os<br />

usos <strong>de</strong> símbolos gráficos “inúteis” com o intuito <strong>de</strong> aumentar as possibilida<strong>de</strong>s expressivas e<br />

interpretativas, tanto <strong>do</strong>s <strong>de</strong>signers como <strong>do</strong>s leitores.<br />

Actualmente, o referi<strong>do</strong> movimento <strong>de</strong> rejeição ao funcionalismo transformou-se <strong>em</strong><br />

múltiplas correntes estilísticas <strong>de</strong>nominadas pós-mo<strong>de</strong>rnistas (estilos punk, grunge, techno,<br />

entre outros), que procuram, através <strong>de</strong> um enorme ecletismo das suas fontes, da valorização<br />

<strong>de</strong> ruí<strong>do</strong>s e impertinências visuais e da utilização das tecnologias ou das técnicas mais<br />

ancestrais, soluções aparent<strong>em</strong>ente caóticas e anárquicas, mais ou menos intuitivas.<br />

Tais princípios trouxeram inevitavelmente soluções inova<strong>do</strong>ras, liberta<strong>do</strong>ras e, muitas<br />

vezes, provoca<strong>do</strong>ras, que vieram estimular a produção <strong>de</strong> soluções cada vez mais ricas e<br />

críticas.<br />

Já na década <strong>de</strong> 30, Tschichold (1935) vê na tipografia uma prática <strong>de</strong> escrita que era<br />

<strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente social, contextualizada, suportada pela tecnologia e aberta a soluções<br />

criativas e inova<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> tipografo (consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, por este autor, um intérprete media<strong>do</strong>r entre<br />

os autores <strong>do</strong> texto e os leitores). Consi<strong>de</strong>ra também a tipografia uma prática <strong>de</strong> escrita<br />

híbrida, interpretativa e polissémica e, por isso, inicia-se na plasticida<strong>de</strong> das letras muito antes<br />

que os <strong>de</strong>sconstrutivistas e pós-estruturalistas o postulass<strong>em</strong>. Deste mo<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>sign<br />

tipográfico passa a ser uma valiosa prática retórica, criativa e inova<strong>do</strong>ra, fazen<strong>do</strong> cair por terra<br />

a centenária tipografia da invisibilida<strong>de</strong>, a face visível <strong>do</strong> logocentrismo 13<br />

.<br />

Fig.9 A revolução das letras: o 25 <strong>de</strong> Abril explica<strong>do</strong> às crianças<br />

Ilustra<strong>do</strong>r: Fedra Santos; Autor: Virgílio Vieira; Campo das Letras: 2004<br />

Na actualida<strong>de</strong> v<strong>em</strong>os, <strong>em</strong> alguns contextos, a tipografia ser <strong>de</strong>liberadamente utilizada<br />

para converter significa<strong>do</strong>s. Assim, na Fig. 9, o texto impresso transmite a mensag<strong>em</strong><br />

13<br />

O logocentrismo consi<strong>de</strong>ra que a letra impressa <strong>de</strong>ve espelhar neutralida<strong>de</strong>, transparência, na condição única <strong>do</strong><br />

conteú<strong>do</strong> textual.<br />

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