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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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Introdução<br />

Ler e escrever foram s<strong>em</strong>pre consi<strong>de</strong>radas competências escolares por excelência,<br />

sen<strong>do</strong> a sua aprendizag<strong>em</strong> uma das tarefas fundamentais a resolver pelas crianças na<br />

escolarida<strong>de</strong> básica. Contu<strong>do</strong>, no que diz respeito à escrita, não se consi<strong>de</strong>rou, durante<br />

muito t<strong>em</strong>po, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a tornar objecto específico <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, já que se entendia<br />

que a sua aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong>corria por transferência <strong>de</strong> outras competências (<strong>leitura</strong>,<br />

oralida<strong>de</strong>, gramática), precisan<strong>do</strong> apenas <strong>de</strong> ser alvo <strong>de</strong> uma prática periódica (Pereira &<br />

Azeve<strong>do</strong>, 2003). Actualmente, graças a muitas investigações oriundas <strong>de</strong> diversos campos<br />

teóricos (Linguística textual, Pragmática, Psicologia Cognitiva…), <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>-se que a<br />

aprendizag<strong>em</strong> e o <strong>de</strong>senvolvimento da competência <strong>de</strong> uso escrito pressupõ<strong>em</strong> um ensino<br />

explícito, sist<strong>em</strong>ático e uma prática frequente e supervisionada, nos quais se cont<strong>em</strong>pl<strong>em</strong> as<br />

diferentes variáveis implicadas na composição textual (situação; objectivos; tarefa a<br />

executar; <strong>de</strong>stinatário; técnicas e estratégias envolvidas <strong>em</strong> produtos escritos <strong>de</strong> diferentes<br />

graus <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> - Pereira & Azeve<strong>do</strong>, 2003).<br />

Um <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los mais influentes na <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> textos foi<br />

apresenta<strong>do</strong> por Hayes e Flower (1980), o qual i<strong>de</strong>ntifica três processos cognitivos:<br />

planificação, textualização e revisão. A planificação inclui a activação (recuperação na<br />

m<strong>em</strong>ória), a selecção e a organização <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, e a <strong>de</strong>limitação <strong>do</strong>s objectivos <strong>do</strong> texto<br />

(<strong>de</strong>finição <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> e da forma <strong>do</strong> texto aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>stinatário e ao efeito que é<br />

procura<strong>do</strong> sobre este). A textualização, isto é, a conversão da planificação <strong>em</strong> texto, implica<br />

o enca<strong>de</strong>amento textual <strong>em</strong> função <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, <strong>do</strong> género e <strong>do</strong> <strong>de</strong>stinatário. Por último, a<br />

revisão subdivi<strong>de</strong>-se <strong>em</strong> avaliação <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> (valorização da produção, da sua<br />

a<strong>de</strong>quação ao planea<strong>do</strong> e às necessida<strong>de</strong>s da audiência) e revisão e correcção <strong>do</strong><br />

produzi<strong>do</strong> (modificação e correcção <strong>de</strong> alguns aspectos <strong>do</strong> texto escrito). A revisão inclui a<br />

avaliação das acções <strong>de</strong>senroladas nos processos anteriores e afecta tanto os aspectos<br />

estruturais <strong>do</strong> discurso como a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s construí<strong>do</strong>s (Englert, 1990 cit. in<br />

Gusmán, 2007; Fayol, 2007)<br />

Scardamalia e Bereiter (1987) elaboraram um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvimental (1987; 1992),<br />

o qual propõe que o processo <strong>de</strong> escrita não po<strong>de</strong> assumir um mo<strong>de</strong>lo único <strong>de</strong><br />

processamento, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rar-se diferentes estádios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

relativamente a esta capacida<strong>de</strong>. Assim, suger<strong>em</strong> que alguns escritores, inexperientes ou<br />

menos maturos, alcançam apenas o estádio <strong>de</strong> “formulação <strong>do</strong> conhecimento” (Knowledge<br />

telling process), enquanto outros, mais experientes ou mais maturos, avançam para o<br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> “transformação <strong>do</strong> conhecimento” (Knowledge transforming process). Na<br />

estratégia <strong>de</strong> “formulação <strong>do</strong> conhecimento”, o escritor constrói um texto a partir <strong>de</strong> algo<br />

conheci<strong>do</strong>, transcreven<strong>do</strong> os conhecimentos à medida que são activa<strong>do</strong>s na m<strong>em</strong>ória, s<strong>em</strong><br />

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